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Ciência

Investigadores lutam para reconhecimento dos bacteriófagos na União Europeia

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Na Bélgica já é possível utilizar bacteriófagos, os vírus das bactérias, para combater doenças nos seres humanos, mas esta tecnica não é reconhecida na União Europeia, colocando de lado uma opção que ao contrário dos antibióticos não cria resistência e visa directamente a causa de muitas doenças infecciosas. Joana Azeredo, professora universitária e investigadora, está a tentar que esta terapia seja também reconhecida em Portugal.

Os bacteriofagos são virus próprios para destruir bactérias que causam graves doenças aos seres humanos.
Os bacteriofagos são virus próprios para destruir bactérias que causam graves doenças aos seres humanos. © Wikicommons
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Descobertos no início do século XX pelo investigador franco-canadiano Félix d'Hérelle, que trabalhava no Instituto Pasteur em Paris, os bacteriófagos, ou seja, vírus que conseguem destruir bactérias, foram uma tecnologia rapidamente posta de parte pelos países ocidentais quando se tornou possível a produção em massa de antibióticos. Agora, devido à sobre-utilização destes medicamentos, uma grande parte bactérias apresenta resistência aos antibióticos, mostrando aa utilidade dos bacteriófagos.

No entanto, na União Europeia, esta não é uma terapia reconhecida pela Agência Europeia de Medicamentos e pelas agências nacionais, tornando difícil o acesso a esta tecnologia. A Bélgica conseguiu encontrar uma forma de os legalizar, recebendo casos de todo a Europa, incluindo cerca de uma dezena de portugueses, com Joana Azeredo, professora no Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho a explicar em entrevista à RFI a importância desta terapia.

"É uma terapia dirigida a doenças infecciosas causadas por bactérias e esta terapia utiliza como princípio activo os bacteriófagos que são os virus que infectam e matam bactérias. Estamos a falar de infecções urinárias, infecções crónicas respiratórias, infecções da pele e infecções mais graves como septicémias, quando estas são provocadas por bactérias. Em situações limite podemos ter doentes com doenças infecciosas graves e quando essas bastérias são resisteentes aos antibióticos, os bacteriófagos são o último recurso", indicou Joana Azeredo.

A investigadora espera agora que como na Bélgica, esta terapia passe a ser legal em toda a União Europeia, tendo lançado um apelo com outros investigadores aos deputados da Assembleia da República em Portugal para que este pedido seja ouvido e reconhecido também pelo próprio Infarmed, que supervisiona o mercado de medicamentos e dispositivos médicos em terras lusas.

"Nós, os investigadores, a minha equipa, médicos e doentes subscrevemos um apelo para a utilização da terapia fágica em Portugal. Este apelo foi divulgado e foi entregue à Assembleia da República e aos vários grupos parlamentares, já conseguimos uma reunião. Eu acho que a classe política está interessada, mas é preciso uma coordenação entre a classe política e o Infarmed, como aconteceu na Bélgica", concluiu.

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