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Cultos afro-brasileiros: alvo de preconceitos e perseguições

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O Brasil estaria a perseguir os adeptos das religiões de origem africana. Pierre Le Duff, correspondente no Rio de Janeiro, efectuou uma reportagem sobre o tema num país fortemente marcado pelo sincretismo religioso.

Terreiro de candomblé Inzo Rio Lembã, bairro da Penha, Rio de Janeiro, Brasil
Terreiro de candomblé Inzo Rio Lembã, bairro da Penha, Rio de Janeiro, Brasil © rfi/Pierre Le Duff
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No último dia 28 de junho, lideres de cultos afro-brasileiros fizeram uma roda de candomblé no centro de Brasília, em forma de protesto.

Eles denunciam o suposto racismo religioso dos polícias durante buscas por um fugitivo em dez dos recintos conhecidos como "terreiros de candomblé" nos dias anteriores. 

Uma mega operação mobilizou cerca de 300 homens durante vinte dias à procura do assassino em série Lázaro Barbosa numa região rural do estado de Goiás.

Tata Ngunzetala, líder afro tradicional do candomblé de Angola, conta à RFI como tudo ocorreu. 

O candomblé e um sincretismo religioso nascido no Brasil, quando os africanos escravizados, obrigados a serem evangelizados, começaram a associar os seus orixás aos santos católicos.

Os seus adeptos sofrem historicamente de preconceitos, e nos últimos anos, Goiás foi um dos estados onde mais casos de intolerância contra religiões de raízes africanas foram registados. 

A RFI conversou com o babalaô Ivanir dos Santos, também historiador e membro da comissão de luta contra a intolerância religiosa do Rio de Janeiro. Ele recebe todos os dias denúncias, provenientes do país inteiro. 

No subúrbio do Rio de Janeiro, não são só casos de intolerância, em alguns bairros que passaram a ser controlados por traficantes evangélicos, os adeptos de cultos de raízes africanas, devem esconder a sua fé. Cultos são proibidos, pais e mães de santo ameaçados.

Igrejas evangélicas fundamentalistas são responsáveis pela demonização de cultos afro-brasileiros. Elas tentam interferir na política e têm cada vez mais poder na sociedade.

Até este ano, o autarca do Rio de Janeiro era um bispo evangélico, e pouco fez pela liberdade de culto. 

Nesta semana, o novo autarca, Eduardo Paes, participou na cerimónia da lavagem simbólica do Cais do Valongo, onde desembarcaram mais de 500 000, talvez um milhão de escravos no século XIX. Uma oportunidade para deixar uma mensagem de tolerância.

O babalaô Ivanir apela à boa vontade do novo autarca, mas pede medidas concretas para proteger os cultos afro-brasileiros.

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