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COP 27 é "exercício de agenda" sobretudo em período de guerra na Europa

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A COP 27 começou em Sharm El-Sheikh, no Egipto, reunindo hoje cerca de 100 chefes de Estado e de Governo de forma a encontrar soluções conjuntas para o combate às alterações climáticas, numa altura em que é quase certo que Mundo vai aquecer 1,5 graus nos próximos cinco anos.

A COP 27 decorre no Egipto até dia 18 de Novembro.
A COP 27 decorre no Egipto até dia 18 de Novembro. AFP - PAUL ELLIS
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Um dos pontos mais importantes neste encontro é a negociação das compensações para os países que emitem menos gases de efeito de estufa, muitos deles situados no Hemisfério Sul, e são, no entanto, os países que mais sofrem com o aquecimento global. No Egipto, muitos deles vão pedir que se cumpra a promessa de 100 mil milhões de dólares de ajudas nunca cumpridos até agora.

Para Viriato Soromenho Marques, filósofo e professor universitário, há vários anos envolvido no movimento ambiental em Portugal, esta é uma COP que parte de dois erros, nomeadamente a ideia de uma ajuda dos países industrializados aos países do sul que deveria ser substituída por uma cooperação efectiva, e a negociação de emissões que hoje em dia já não faz sentido.

"Esta reunião vai ter uma agenda que se prende com as perdas e os danos e essencialmente isso é analisar os impactos negativos sobre os países em vias de desenvolvimento das alterações climática,s há uma consciência de que embora as alteraçoes climáticas sejam um processos mundial e global, a verdade é que existem países mais responsáveis e outros que são menos e existe uma certa assimetria. Temos países como Moçambique que tem emissões irrisórias, quase indetectável, e que é um dos países que mais sofre com as alterações climáticas", disse o académico.

Para Viriato Soromenho Marques, esta forma de olhar para os países do Sul, numa óptica "caritativa" não faz sentido hoje em dia, já que países como China, Índia ou Brasil figuram agora entre os países que mais emitem e não fazem parte da OCDE, tendo de have ruma verdadeira cooperação entre os países para a industrialização não aconteça com combustíveis fósseis.

Viriato Soromenho Marques, que segue as reuniões do clima há quase 30 anos, referiu que as suas expectativas para a COP 27 são nulas, especialmente numa altura em que a guerra voltou à Europa.

"Acompanho este processo desde o início e as minhas expectativas em relação a esta COP 27 são nulas [...] Estamos a viver uma situação de grande perigo, num contexto em que, pela primeira vez desde 1945, podemos ter uma situação de guerra nuclear na Europa, mas com possibilidade de alastramento e, ao mesmo tempo, as tensões dos Estados Unidos com a China têm vindo a subir e o clima das relações entre países não vai permitir avanços nenhuns, mas mesmo sem a guerra seria difícil, com a guerra será um exercício de agenda", concluiu.

A COP 27 decorre no Egipto até 18 de Novembro de 2022 e vamos continuar a acompanhar este encontro internacional nas nossas antenas, aqui na RFI.

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