Eleições Espanha: " Em vez do PP moderar o Vox, o Vox extremiza o PP"
Publicado a:
Ouvir - 09:38
Depois da vitória da direita nas eleições municipais e regionais em Maio, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, convocou eleições antecipadas para este domingo, 23 de Julho. 37 milhões de espanhóis são chamados às urnas para decidir o futuro do país.
PSOE, PP, Vox e Sumar estão na corrida para governar o país, mas a dúvida sobre quem vai governar mantém-se. Embora a maioria das sondagens indiquem uma viragem à direita.
"É muito importante para a esquerda não só em Espanha, como na Europa, porque neste momento a Espanha é o país que tem a presidência rotativa da União Europeia. Saber qual vai ser o rumo deste governo é essencial para percebermos como é que a Europa entrará nas eleições europeias de 2024", descreve o historiador e deputado português, Rui Tavares.
Os três candidatos Pedro Sánchez (PSOE), Yolanda Díaz (Sumar) e Santiago Abascal (VOX) marcaram presença, na quarta-feira à noite, no último debate televisivo antes das eleições de domingo. Ausente esteve Alberto Feijóo (PP), que não aceitou participar e acabou “colado” à extrema-direita, pelos adversários. Sánchez e Díaz, mostrando a intenção de continuar a governar juntos para não retroceder em direitos e liberdades.
A ausência do candidato do PP esteve sempre presente ao longo do debate, tanto através das afirmações de Yolanda Díaz, que considerou que o líder do Partido Popular (PP) estava “representado” pelo líder da extrema-direita, como pelas críticas de Pedro Sánchez, que acusou o líder da oposição de não querer encarar o candidato da extrema-direita.
"Houve uma recomposição na esquerda. À esquerda do Partido Socialista Operário Espanhol surgiu esta formação Sumar, que pretende agregar forças. O Sumar tem uma orientação mais europeísta, mais da família d'Os Verdes europeus e a Yolanda Días tem tido uma evolução muito interessante, no sentido de trazer agendas de futuro para o debate político em Espanha", descreve o historiador.
"A Espanha é um dos grandes países da União Europeia, como a Alemanha, com governos liderados pelo centro-esquerda. A extrema-direita tanto em Espanha como em Portugal, dois países que até há pouco tempo não tinha extrema-direita parlamentar, têm uma dimensão considerável... mais extrema do que noutros países da Europa ocidental", acrescenta.
O historiador descreve um efeito de "em vez do PP moderar o Vox, o Vox extremiza o PP, quer seja no tipo de actividades culturais que as câmaras deixam de poder fazer, como na proibição de línguas regionais e minoritárias em actividades oficiais. Heranças que vem de uma Espanha Franquista, da qual grande parte da direita espanhola nunca deixou de ser saudosista", lembra o deputado português, Rui Tavares.
As eleições estavam previstas para Dezembro deste ano, mas foram antecipadas por Pedro Sánchez depois da derrota dos partidos de esquerda nas eleições municipais e regionais de Maio.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro