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Sismo em Marrocos: “Trauma geral” e muita solidariedade

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O balanço provisório do sismo que atingiu Marrocos na sexta-feira subiu para quase 2.500 vítimas mortais e cerca de 2500 feridos, de acordo com os números do ministério do Interior ao final desta manhã de segunda-feira. A RFI falou com são-tomenses e bissau-guineenses residentes no país, nomeadamente em Marraquexe, que descrevem um sentimento de “trauma geral”, muita preocupação e solidariedade.

Marraquexe. Noite de 9 para 10 de Setembro de 2023.
Marraquexe. Noite de 9 para 10 de Setembro de 2023. © Mounia Daoudi / RFI
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O terramoto de magnitude 6,8, na escala de Richter, de acordo com o Instituto Geológico norte-americano, teve como epicentro a região de Ighil, a cerca de 70 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe e foi sentido inclusivamente em Portugal e Espanha.

Em Marraquexe, vivem 56 estudantes e estagiários guineenses e estão fora de perigo, garante Mama Saliu Tala Djob, secretário-geral da Associação de Estudantes e Estagiários Guineenses no Reino de Marrocos. “Criou grande pânico e moralmente ficámos muito mal. Conseguimos sair do apartamento e encontrámos os nossos colegas sãos e salvos”, recorda, sublinhando estar em contacto com os estudantes guineenses.

Mama Saliu Tala Djob descreve que, “de uma forma geral, a população está aflita” e que muitos dormem na rua, mas que os guineenses tiveram mais sorte. “Esta é a minha segunda pátria, é um país que me deu tudo, que me deu formação. Então, sinto muito pelo povo marroquino”, resume, sublinhando que há redes de solidariedade que se criaram e que as pessoas se entreajudam.

Marrocos também acolhe alunos são-tomenses e também eles se encontram sãos e salvos, de acordo com Mélanie Figueiredo Gomes, Presidente da União dos Estudantes e Estagiários São-Tomenses em Marrocos. No total, são cerca de 280 jovens são-tomenses, mas não residem nas zonas mais afectadas. Mélanie e muitos dos compatriotas estão na cidade de Kenitra, no norte, onde o sismo também foi intensamente sentido.

Foi um desespero total, muitos gritos, todos começaram a correr, deixaram as portas dos apartamentos abertas. Foi um desespero e um caos total. Eu saí com as meninas com quem eu vivo, só depois, fora do apartamento, é que conseguimos ter uma melhor visão e ver que era um caos total porque todas as pessoas, que moram no bairro onde eu estou, estavam fora, descalças, saíram só com a roupa do corpo e começámos a ver que era muito grave”, recorda Mélanie Figueiredo Gomes. A estudante universitária acrescenta que quando viu as notícias, percebeu que havia zonas muito afectadas e entrou “em contacto com todos os estudantes são-tomenses que se encontram em Marrocos para saber como estão e eles estão bem e seguros até ao momento”. Ainda assim, Mélanie Figueiredo Gomes admite que continua apreensiva e “com o coração na mão” com receio de réplicas.

A terra também tremeu em Rabat, na capital, a cerca de 320 quilómetros de Marraquexe, como conta outro são-tomense, Edmilson Pereira, empresário no ramo da moda. “Também sentimos sim. O impacto foi bastante considerável. Eu estava em casa e as lâmpadas do tecto abanavam de um lado para o outro. Inicialmente eu achei que estava sofrendo algum tipo de alucinações, mas era mesmo o apartamento que se balanceava de um lado para o outro”, conta.

Este é o pior sismo registado em Marrocos desde o tremor de terra de Fevereiro de 1960 em Agadir quando morreram cerca de 15.000 pessoas.

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