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"O envelhecimento tem de ser um desafio tratado globalmente"

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A expectativa de vida global situa-se hoje nos 68 anos, com uma tendência para o envelhecimento a generalizar-se em todas o Mundo. No entanto, pouco se fala sobre a qualidade de vida dos mais velhos e como viver melhor até mais tarde. A RFI falou com dois demógrafos portugueses sobre esta problemáticas.

A tendência global aponta para o envelhecimento da população.
A tendência global aponta para o envelhecimento da população. Getty Images/PeopleImages
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O actual tendência demográfica no Mundo aponta para um envelhecimento global da população. Portugal é um dos países que envelhece a um ritmo mais acelerado, mas nem por isso há mais soluções para uma maior qualidade de vida na velhice, ao mesmo tempo que aos jovens são oferecidos empregos com baixos salários e poucas perspectivas de evolução.

Em entrevista à RFI, a economista Lara Patrício Tavares e o geógrafo Jorge Malheiros, ambos docentes universitários e demógrafos, falam do envelhecimento global, da importância da melhoria das condições de vida para os mais velhos e num Mundo onde, graças às novas tecnologias, se poderá vir a trabalhar menos.

A economista Lara Patrício Tavares e o geógrafo Jorge Malheiros, ambos docentes universitários e demógrafos, falaram com a RFI sobre a demografia em Portugal e no Mundo.
A economista Lara Patrício Tavares e o geógrafo Jorge Malheiros, ambos docentes universitários e demógrafos, falaram com a RFI sobre a demografia em Portugal e no Mundo. © Catarina Falcao

"Eu gosto muito de pôr o envelhecimento em contexto porque nós dizemos que, em contexto mais abrangente, Portugal é um dos países mais envelhecidos da Europa e do Mundo, sendo que estamos também em transição demográfica. Todo o Mundo envelhece e eu acho que é bom termos a consciência disto a ritmos muito diferentes e com pontos de partida muito distintos. Os países africanos envelhecem, mas continuam a ter populações muito jovens, mas envelhecem. Depois, mesmo grandes países, para além dos clássicos, os clássicos do envelhecimento seriam os europeus, como a China, também têm neste momento já níveis de envelhecimento significativos e representam uma grande parte da humanidade", indicou Jorge Malheiros.

Sendo um tendência global, o envelhecimento devia ser tratado através das melhores práticas em todo o Mundo.

"A questão do envelhecimento também tem de ser um desafio tratado globalmente. Alguns países que estão na linha da frente devem avançar mais depressa. No caso português, nós devíamos estar nessa linha da frente e se calhar não estamos tanto como devíamos estar, porque atrasamos nos em vários aspectos. E uma das coisas que são fundamentais, a meu ver, é o processo de transição da vida activa para a vida não activa. Até porque os desafios das novas tecnologias, as questões da inteligência artificial, se calhar permitem nos pensar que numa sociedade diferente, as pessoas podem trabalhar menos em termos globais", declarou Jorge Malheiros.

No entanto, em Portugal, há um atraso no investimento no envelhecimento activo e nas medidas que podem ajudar a terceira idade a ter uma boa qualidade de vida.

"De facto, como Portugal é um dos países mais envelhecidos não só da Europa, mas como do mundo, é evidente que todos os partidos políticos sabem disso e, portanto, sabem que uma grande fatia do eleitorado está nessa faixa etária e, portanto, tentam apelar ao seu voto. No entanto, como diz, na verdade não o fazem de uma forma muito eficaz, diria eu, porque a única coisa de que se fala é das pensões. E não se fala, por exemplo, da esperança de vida saudável que em Portugal não é particularmente elevada quando comparada com outros países da Europa, em particular das mulheres que vivem muitos anos com doença, o que depois tem implicações em termos da própria capacidade de trabalhar até mais tarde. Fala-se muito da questão das pensões, sim, mas o que é facto é que, e apesar de terem vindo a subir, sim, são bastante baixas. O que quer dizer que, por exemplo, de acordo com dados recentes, um terço das pessoas com 65 anos ou mais não consegue aquecer a sua casa no inverno de forma adequada e, portanto, dá uma ideia da falta de qualidade de vida da maior parte das pessoas com a idade em Portugal", concluiu Lara Tavares.

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