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Reportagem

Grupo étnico Mucubal apela à solidariedade para não desaparecer

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A comunidade do grupo étnico minoritária Mucubal vive na aldeia do Fimo, na comuna do Chainge do município dos Gambos. A povoação enfrenta os efeitos da seca severa que atinge o sul de Angola.

A comunidade do grupo étnico minoritária Mucubal, no município dos Gambos, na província da Huila.
A comunidade do grupo étnico minoritária Mucubal, no município dos Gambos, na província da Huila. © RFI/Lígia Anjos
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A 200 quilómetros da província da Huíla Mucubano, encontrámos a aldeia do Fimo, da comuna do Chiange, do município dos Gambos, na província da Huíla.

Aqui vivem 432 pessoas que enfrentam os impactos das alterações climáticas, sobretudo desde 2012. A subida das temperaturas, a redução do período da chuva e das quedas pluviométricas resultam numa forte seca. A povoação perdeu as colheitas e está a passar fome.

Nos últimos dez anos, o êxodo rural acentuou-se, as pessoas procuram emprego precário nos centros urbanos, para sobreviver. O cultivo de cereais como milho, massago, massambala não tem dado colheitas.

Muehiachi está doente desde que perdeu o filho Gabriel. Era ele que ajudava a mãe. Desde então só come farinha, resultando da semente da mucua - uma semente que alimenta animais.

A maior parte dos homens migraram para a comuna de Chiange, Cahama, chagongo, Calueque até chegar à Namíbia, deixando filhos e esposas. Na comunidade do grupo técnico Mucubal já não vive quase nenhum jovem. Dos 21 anos até aos 36, apenas vivem oito jovens na comunidade.

Nesta comunidade encontrámos 34 mulheres e 47 homens são chefes de família. Para tenta sobreviver a maioria das mulheres tornam-se oleiras e vendem panelas de barro na sede municipal dos Gambos, no Chiange. O processo é lento e doloroso, contaram-nos. "É preciso ir buscar barro à montanha, transformar a matéria-prima através de moldes tradicionais. Segue-se depois uma longa caminhada da aldeia do Fimo até à sede municipal dos Gambos". O grupo de mulheres percorre cerca de 70 quilómetros a pé, com os filhos, que ajudam a carregar as panelas de barro, um percurso que, como nos contaram, pode demorar cinco dias.

Anaria está a aprender o artifício da olaria com a mãe. Anaria tem 12 anos e estuda de segunda à sexta-feira na escola da aldeia do Tyipeyo. Ali, vive o grupo étnico Mugambue, maioritário do município dos Gambos. A criança vai à escola com os cinco irmãos.

Tradução, Cecília Gregória, Julieta Fernando e António Beu.

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