Ministro português defende que "relação com Angola é única e insubstituível"
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Ouvir - 08:25
O ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, considerou em entrevista à RFI que não há qualquer concorrência entre Espanha, que diz querer aprofundar a relação com Angola, e Portugal, defendendo que no continente africano, Portugal é visto como uma ponte com a Europa.
Em Addis Abeba para participar nas reuniões de preparação da Cimeira dos líderes da União Africana que decorre este Sábado e Domingo, o ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, defendeu que Portugal é um país que faz a ponte entre a Europa e África.
"Portugal é sempre um país que fez de ponte entre a Europa e África e é importante fazer um ponto de situação, olhar para as áreas de instabilidade que há em diversas partes do continente africano e ver como melhor trabalhar o relacionamento bi-regional", declarou.
Também António Costa, primeiro-ministro português, vai estar nesta Cimeira, participando no fim de semana no encontro de líderes da União Africana.
Este reforço da presença portugues acontece no mesmo momento em que o o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares Bueno, participou na abertura deste encontro entre ministros africanos na Etiópia. Poucos meses antes de assumir a presidência rotativa da União Europeia, as autoridades espanholas, nomeadamente o rei Felipe VI, afirmaram querer uma maior proximidade África, especialmente com Angola, algo que Portugal vê com bons olhos.
"A nossa relação com Angola é única e insubstituível e o mesmo com outros países de expressão portuguesa. Acho que é muito positivo para Angola que haja também o interesse de outros países quer seja Espanha, quer seja França, quer seja Alemanha. Olhamos com muitos bons olhos e acreditamos que o investimento desses países é bom para Angola e para a economia angolana e o que é bom para a economica angolana é bom para nós", declarou João Gomes Cravinho.
Quanto aos conflitos em África, onde Portugal participa com militares nalgumas missões da União Europeia e da ONU, o ministro português manteve encontros de alto nível, mostrando-se especialmente preocupado com a situação na República Centro-Africana.
"Acabei de ter uma reunião bastante extensa com a ministra dos Negócios Estrangeiros da República Centro-Africana, que é um país onde temos investido bastante e, aliás, o nosso primeiro-ministro esteve lá há um par de semanas. A República Centro-Africana vive um momento de cisão, como se sabe o grande problema neste momento é a presença de tropas mercenárias russas, da Wagner, mas acho que há possibilidade de trabalharmos com a República Centro-Africana de outra maneira", indicou.
Também a situação no Sahel inquieta o ministro português, tendo-se reunido com os representantes tanto do Mali como do Burkina Faso, mesmo se entre as sanções impostas pela União Africana a estes regimes dirigidos por juntas militares é a exclusão temporária das Cimeiras da União Africana.
"Estamos também muito preocupados com países do Sahel, o Mali e o Burkina Faso, que estão excluídos da Cimeira, mas o ministros estão cá. É uma oportunidade de ir falando sobre quais são as modalidades que permitem melhor responder ao flagelo do terrorismo e, por outro lado, promover o desenvolvimento democrático naqueles países", concluiu.
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