Eleições em Israel enfraqueceram Nenanyahu, diz Le Monde

Apesar de seu partido Likud ter vencido as eleições legislativas, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sai bastante enfraquecido do pleito, escreve o jornal Le Monde em sua edição que chegou às bancas na tarde desta quarta-feira. A coligação com o partido de extrema-direita Israel Nosso Lar , de seu incômodo ex-chanceler Avigdor Lieberman , fez o Likud perder várias cadeiras no parlamento, escreve o vespertino.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu REUTERS/Darren Whiteside

A campanha de Netanyahu, valorizando seu perfil de “estadista” e focalizando sobre a ameaça representada pelo Irã, não convenceu. Os eleitores preferiram os partidos centristas que concentraram seus discursos nas diversas “fraturas” atuais da sociedade israelense, afirma o Le Monde.

A primeira fratura é econômica, escreve o vespertino, lembrando que no ano passado o movimento dos “indignados” já havia exposto um aumento da desigualdade entre a população. A dificuldade de moradia é um dos exemplos mais evidentes.

Outra fratura apontada pelo jornal é a social, particularmente concentrada sobre o problema do recrutamento de religiosos, uma categoria dispensada do serviço militar, para que haja um maior equilíbrio na divisão dessa tarefa. Estes foram alguns temas da campanha de um novo partido centrista, liderado pelo ex-jornalista Yaïr Lapid, que se tornou a segunda maior força política do país, ressalta o Le Monde.

A tarefa de Netaniahu não será fácil, lembra o jornal, já que ele terá que compor um governo de coalizão com partidos de interesses irreconciliáveis e com um orçamento muito restrito.

O novo parlamento israelense terá uma maioria hostil ou pelo menos indiferente em relação à necessidade de um estado palestino, já que consideram que a paz com os palestinos não é um assunto urgente. Viver enclausurado atrás de muros protegidos por uma tecnologia militar ao invés de fazer concessões dolorosas é apenas uma grande ilusão, afirma Le Monde.