Kofi Annan vai à Síria negociar com o regime de Bashar al-Assad
O emissário da ONU e da Liga Árabe para o conflito na Síria, Kofi Annan, vai realizar a terceira visita à capital Damasco nesta segunda-feira, anunciou hoje o Ministério das Relações Exteriores sírio. Ontem, em uma entrevista ao jornal Le Monde, Annan admitiu que o seu plano para o cessar-fogo e o fim da crise no país não estava funcionando.
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A última visita do ex-secretário-geral da ONU ao país tinha ocorrido em 29 de maio. “Está confirmada a vinda do senhor Annan para tratar sobre o seu plano com autoridades sírias”, disse o porta-voz do ministério, Jihad Makdissi.
O plano de seis pontos elaborado por Annan foi teoricamente adotado em 12 de abril, mas jamais significou o fim dos combates e da violência em todo o país. Dezenas de sírios continuaram perdendo a vida desde então, tanto do lado do governo como da oposição, que pede o fim do regime do presidente Bashar Al-Assad.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma fonte não ligada ao governo, mais de 17 mil pessoas morreram desde o inicio dos conflitos, em março de 2011. Dadas as restrições impostas à imprensa e aos organismos independentes pelas autoridades sírias, e devido à decisão da ONU de não contabilizar mais os mortos, é impossível obter um balanço da violência de fonte independente.
Neste domingo, as tropas do regime retomaram os bombardeios no norte e o leste do país, onde o balanço de mortos já é de 37, anunciou o observatório. No sábado, as operações das forças governamentais e os combates entre soldados e rebeldes deixaram ao menos 77 mortos - 39 civis, 25 soldados e 13 rebeldes-, segundo o OSDH, uma organização com sede na Grã-Bretanha que se baseia nas informações enviadas por uma rede de militantes na Síria para estabelecer seus balanços.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou hoje que não há dúvida de que as forças de oposição sírias crescem de forma efetiva e que, quanto mais cedo a violência no país terminar, maiores serão as chances de poupar o governo sírio de um "ataque catastrófico".
"Quando mais cedo houver um fim à violência e o início de um processo de transição política, não só menos pessoas morrerão, mas há uma chance de salvar o Estado sírio de um ataque catastrófico que poderia ser perigoso não apenas para a Síria, mas para a região", afirmou Hillary.
A secretária de Estado fez as declarações em Tóquio após um encontro com o ministro de Assuntos Exteriores japonês, Koichiro Gemba. Ambos se reuniram à margem de uma conferência internacional sobre ajuda ao Afeganistão.
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