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EUA/Brasil

John Kerry chega ao Brasil em meio a polêmica sobre espionagem

Depois de visitar a Colômbia, o secretário de Estado norte-americano John Kerry está no Brasil para sua primeira visita ao país desde que assumiu o cargo. Ele ficará apenas 24 horas em Brasilia, deve se reunir com ministros e será recebido à tarde pela presidente Dilma Roussef, com quem discutirá diversos assuntos. Entre eles, o caso Snowden, já que o Brasil foi alvo do programa de rastreamento eletrônico.

O secretário de Estado americano John Kerry chega ao Brasil nesta terça-feira, 13 de agosto de 2013.
O secretário de Estado americano John Kerry chega ao Brasil nesta terça-feira, 13 de agosto de 2013. REUTERS/Jose Miguel Gomez
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O principal objetivo da visita do secretário de Estado John Kerry é preparar a viagem oficial da presidente brasileira a Washington, prevista para o mês de outubro, e tentar estreitar a relação bilateral entre os dois países. As revelações feitas pelo ex-consultor da CIA Edward Snowden também estarão no centro das discussões. Os documentos revelaram que o Brasil foi um dos principais alvos do programa da NSA, a agência de segurança americana, e Brasília pode até mesmo ter sediado um centro de espionagem e um satélite que integrava a rede do governo americano.

Diversos ministros, entre eles o próprio chanceler Antonio Patriota, demonstraram indignação com o programa que visava internautas e cidadãos do mundo todo. O incidente com o presidente boliviano Evo Morales em julho piorou a situação, e marcou um retrocesso nas relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a América Latina. Morales foi obrigado a aterrissar na Áustria depois de seu avião ter sido proibido de sobrevoar a França, a Itália e a Espanha.

O motivo: uma suspeita infundada de que ele teria Snowden à bordo da aeronave. Apesar das desculpas dos europeus, o caso criou um mal-estar entre o país e o continente. Os líderes da Unasul, na época, até mesmo convocaram uma reunião de emergência para condenar a postura europeia.

Para Márcio Scalercio, do Instituto de Estudos Politicos da Puc do Rio, Estados Unidos e Brasil têm ainda outras divergências que podem atrapalhar o clima da viagem de Dilma a Washigton, como o conflito na Síria. "O Brasil tem se colocado de um modo diferente em relação à posição americana, como na questão do conflito sírio. O país tem restrições em relação a essa responsabilidade de proteger, e é contra a intervenção nacional na Síria, e isso contraria os americanos", declarou.

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Clique aqui para ouvir o comentário do professor Marcio Scalercio sobre a visita de John Kerry ao Brasil

De acordo com ele, o Brasil tem uma posição parecida com a da China e a Rússia, e também há divergências na questão do Oriente Médio. "O Brasil de um modo geral dá suporte às pretensões dos palestinos", disse, a respeito do conflito entre Israel e a Palestina.

Licitação da FAB e OMC

Além do caso Snowden e a Síria, outros temas devem ser abordados durante o encontro bilateral. Entre eles, a licitação para a renovação da frota da FAB (Força Aérea Brasileira), disputada pela Boeing, a francesa Dassault e a sueca Saab. Apesar dos franceses ainda terem esperança de vencer a concorrência, nos bastidores sabe-se que os militares preferem o caça americano. Mas os Estados Unidos se recusam a fazer a transferência de tecnologia, uma exigência do Brasil que já foi aceita pela França.

O contecioso do algodão entre os dois países na Organizaçao Mundial do Comércio também deverá ser abordado. Os Estados Unidos anunciaram na semana passada a suspensão do pagamento de U$ 12 milhões de compensação aos agricultores brasileiros, em resposta aos subsídios pagos pelos americanos a seus produtores, considerados ilegais.

 

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