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Estados Unidos/ protestos

Ferguson tem nova noite de tensão, apesar de toque de recolher

A cidade de Ferguson, em Missouri (Estados Unidos), registrou mais uma noite de tensão depois que cerca de 200 pessoas se recusaram a respeitar o toque de recolher decretado pelo governador do Estado, em vigor a partir da 0h deste domingo (17). Os distúrbios se iniciaram há uma semana após a morte de um jovem negro desarmado por um policial branco.

Manifestantes colocam as mãos ao alto, como Brown teria feito ao ser abordado pela polícia.
Manifestantes colocam as mãos ao alto, como Brown teria feito ao ser abordado pela polícia. REUTERS/Lucas Jackson
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A polícia, fortemente armada, usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Sete participantes do ato que se negavam a deixar o local foram presos. Apesar da tensão, nenhum ato de violência foi registrado.
O governador Jay Nixon havia se reunido com a polícia local e estadual neste sábado para elaborar um plano destinado a “manter a paz”. Ele declarou estado de emergência em Ferguson para tentar evitar novos protestos violentos e decretou um toque de recolher entre a meia-noite e às cinco horas da manhã.

Porém, pouco depois da entrada em vigor da medida, cerca de 200 pessoas se reuniram no local onde, no dia 9 de agosto, Michael Brown foi morto. A vítima tinha 18 anos. Os manifestantes se recusaram a se dispersar após uma ordem da polícia. Ron Johnson, chefe de polícia rodoviária, encarregado da operação, explicou que os policiais foram até o local para verificar uma denúncia de que uma pessoa tinha sido ferida a tiros e que homens armados haviam invadido um restaurante. Segundo ele, uma viatura policial também foi alvo de disparos.

O governador havia colocado a polícia rodoviária estadual como responsável pela segurança desde quinta-feira depois de várias noites de violentos confrontos entre manifestantes, a maioria negros, e forças policiais locais, formadas majoritariamente por brancos. As tensões diminuíram temporariamente na quinta-feira, mas na sexta-feira à noite os manifestantes invadiram novamente a pequena cidade residencial e de comércio no entorno de St. Louis, revoltados com a divulgação do boletim policial sobre o caso. O texto sugere que Michel Brown era um ladrão.

Os tumultos começaram depois que o policial Darren Wilson, de 28 anos, atirou e matou Brown logo após o meio-dia no sábado passado, em circunstâncias que ainda estão sendo apuradas. Brown e um amigo caminhavam por uma rua que atravessa um complexo de apartamentos. No boletim de ocorrência, a polícia afirmou que o jovem era suspeito de roubar cigarros em uma loja minutos antes de sua morte.

Família “escandalizada”

A família de Brown disse estar "escandalizada" com essa versão da polícia, destinada, segundo ela, a "responsabilizar a vítima e a desviar a atenção". O reverendo e ativista pelos direitos civis e ex-candidato à presidência pelo Partido Democrata Al Sharpton questionou o boletim, acusando a polícia de querer justificar o assassinato.

Neste sábado à tarde, centenas de pessoas se reuniram de forma pacífica perto do local onde Brown foi abatido pelo policial. "Mike Brown é nosso filho" e "Chega do racismo da polícia" eram algumas das frases nos cartazes levados pelos manifestantes, segundo imagens que circularam nas redes sociais.

Além do boletim mostrado para a imprensa na sexta-feira, a Polícia também divulgou imagens de câmeras de segurança do mercado supostamente roubado, nas quais se vê um homem vestido como Michael Brown, com vários pacotes em uma mão. Ao sair, ele empurra com violência um homem que tenta impedir sua saída, antes de se virar para intimidá-lo.

A polícia também admitiu que o primeiro contato entre o agente e Brown não foi por esse suposto roubo, mas porque o jovem e um amigo "caminhavam no meio da rua, bloqueando a circulação". O autor dos disparos é um agente que está há seis anos na corporação e que, segundo nota oficial, nunca teve problemas disciplinares.
 

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