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Estados Unidos/Terrorismo

Obama vai anunciar plano para “destruir” Estado Islâmico

O mundo todo está na expectativa para o discurso do presidente americano Barack Obama que acontece na noite dessa quarta-feira (10). Depois de consultar congressistas, diplomatas e militares, o presidente vai apresentar sua estratégia para “destruir” o grupo Estado Islâmico, que controla uma parte do Iraque e da Síria. Informações de Raquel Krahenbühl, correspondente da RFI em Washington.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. REUTERS/Kevin Lamarque
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O presidente Obama deve apresentar um plano abrangente e de longo prazo contra o Estado Islâmico, que envolve vários fronts – diplomático, de inteligência e militar. Todos estão na expectativa pra ver se ele vai anunciar uma expansão da campanha militar americana – com possíveis ataques também na Síria. Muitos oficiais do Pentágono já afirmaram que o grupo não pode ser derrotado se não for atacado também na Síria, onde nasceu como um facção separatista da Al-Qaeda e encontra espaço pra crescer por causa do caos da guerra civil

Obama é bastante criticado por ainda não ter interferido no conflito sírio e ter permitido que o grupo ganhasse força, formando até um califado – um estado islâmico com leis rigorosas – no norte da Síria e do Iraque. A Síria, portanto, é uma peça fundamental nessa luta, e a dúvida agora é qual será a estratégia do presidente no país. O governo Obama já vem fazendo voos de monitoramento pelo território sírio, e o Pentágono já preparou um plano de ataque visando os jihadistas.

Por outro lado, Obama sabe que o povo americano está cansado de guerras, e ele também não tem disposição para envolver os EUA em outro grande conflito – muito menos na Síria, onde o governo é inimigo.

Ataque sem informar o governo sírio

Obama já admitiu que apoiaria a oposição moderada síria, mas não colaboraria e nem informaria o presidente Bashar Al Assad sobre possíveis operações na Síria. É um território muito delicado.

O presidente, vencedor do Nobel da Paz em 2009, está numa saia justa, porque dificilmente conseguirá deixar um importante legado de um mundo sem guerras. Obama já prometeu não enviar tropas terrestres pra essa luta contra os terroristas. Ainda assim, oficiais do Pentágono admitem que a campanha militar americana possa durar 3 anos.

Obama é cauteloso, orquestrou uma estratégia cuidadosamente. Desde que o grupo começou a avançar pelo Iraque, o governo americano vem coletando informações, montando planos de ação e fazendo consultas com políticos, diplomatas e militares nos Estados Unidos e também em outros paises. Nessa terça-feira, ele se reuniu com os 4 lideres do Congresso para discutir a estratégia.

Obama foi “massacrado” depois de dizer que não havia uma estratégia contra o Estado Islâmico – que é a maior ameaça aos Estados Unidos atualmente, como muitos admitem. Por isso, diante de todo o país, Obama precisa mostrar que estava fazendo a lição de casa, se preparando, para agora apresentar um plano firme, consolidado e abrangente. Caso contrário, ele vai sofrer mais uma avalanche de duras críticas.

No Iraque, os ataques aéreos americanos contra os extremistas já estão degradando sua capacidade, encolhendo o território que controlam e derrubando algumas das lideranças do grupo. Mas o objetivo final, como Obama vem repetindo, não é controlar, mas sim destruir o grupo e, por isso, é preciso um plano de longo prazo.

Obama diz que, sem uma coalizão internacional, e, especialmente, regional, o grupo não pode ser eliminado. Pra ele, é crucial formar esse apoio – especialmente na região – para lutarem na linha de frente contra os insurgentes.

Governo americano busca apoio

A diplomacia americana também está a todo vapor. O Secretário de Estado, John Kerry, está agora no Oriente Médio. Ele vai passar pela Jordânia e Arábia Saudita em busca de apoio pra formar uma coalizão regional. Na semana passada, ele conseguiu formar uma coalizão com nove países, incluindo Reino Unido e França.

Segundo o Departamento de Estado, mais de 40 nações vão participar dos esforços internacionais realizando diferentes papéis – seja apoiando militarmente aqueles que lutam diretamente com o grupo, respondendo à crise humanitária ou impedindo o fluxo de combatentes estrangeiros.

Obama defende que qualquer esforço contra os extremistas só vai ser bem sucedido se o governo iraquiano não excluir minorias – sunitas e curdos –, como o antigo governo xiita fez. O parlamento iraquiano formou um novo governo essa semana, e o novo primeiro ministro, Haider al-Abadi, prometeu que esse governo será mais inclusivo, com a presença de várias comunidades do país.

Obama acredita que, com essa reforma política, a tensão interna no Iraque vai diminuir, o país vai se fortalecer e ser capaz de enfrentar os extremistas na linha de frente da batalha. Trabalhar com o novo governo iraquiano para combater os extremistas – e também trabalhar com a oposição na Síria – faz parte da estratégia que Obama vai apresentar nessa quarta-feira, em horário nobre.

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