Angola : mães dos 17 activistas lançam campanha internacional
As mães dos activistas detidos desde Junho de 2015 e actualmente em regime de liberdade provisória, lançaram uma "simbólica" campanha internacional para recolha de fundos destinados à aquisição dos uniformes de prisão, que estes foram acusados de ter vandalizado.
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16 dos 17 activistas condenados a 28 de Março a penas entre dois anos e três meses e oito anos e meio de prisão por tentativa de rebelião e associação de malfeitores, estão desde a semana passada em liberdade provisória sob termo de identidade e residência, por ordem do Supremo Tribunal que deu providência ao pedido de "habeas corpus" apresentado pela defesa.
Apenas o activista Nito Alves continua detido por ter sido condenado em Fevereiro a seis meses de prisão suplementar por injúria aos magistrados durante o julgamento.
As suas mães endereçaram a 30 de Junho uma carta dirigida ao Ministro do Interior, Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos e ao Procurador-Geral da República, para anunciar o lançamento de uma campanha internacional destinada a angariar fundos para a qquisição dos uniformes de prisão, que alguns dos detidos foram acusados de ter deteriorado, por neles terem escrito slogans contra o regime angolano e o Presidente José Eduardo dos Santos.
Leonor Odete João
Cinco detidos foram assim condenados a penas suplementares de seis meses de prisão sob a acusação de "destruição do património público" : Luaty Beirão, Nuno Dala, Hitler Chiconda "Samussuku", Benedito Jeremias e "Mbanza Hamza".
Leonor Odete João, mãe do activista "Mbanza Hamza", afirma que o Ministério do Interior recusou receber a carta, que na próxima quarta-feira (6/07) será entregue às outras duas instâncias, e que se estas recusarem recebê-la haverá protestos públicos.
"A nossa manifestação é mesmo lá, no Palácio Real, descalçadas, esfarrapadas, sentadas...porque na rua temos os cães, temos a polícia, surra connosco não podíamos aguentar isso".
Na sua carta o colectivo das mães afirma que "esta iniciativa de reposição e devolução ao Estado daquilo que lhe pertence é o início da exigência popular de retorno ao Estado daquilo que lhe foi usurpado".
As mães exigem ainda a libertação de Nito Alves bem como de "Dago Nível" pseudónimo de Francisco Gomes Mapanda, condenado a 28 de Março a oito meses de prisão por ter dito em tribunal e em voz alta "este julgamento é uma palhaçada".
A secção portuguesa da ONG de defesa dos Direitos Humanos Amnistia Internacional exige a absolvição e a liberdade incondicional para os 17 prisioneiros de consciência.
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