Plataforma Sul condena "negacionismo" de João Lourenço em relação à fome em Angola
O Presidente angolano, João Lourenço, disse recentemente que a fome em Angola "é relativa" e a Plataforma Sul, que agrega várias organizações que dão apoio aos habitantes no Sul de Angola, condena o negacionismo do dirigente e considera a declarações infeliz, numa altura em que a fome se generaliza a todo o país.
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"Há documentos oficiais que provam sobretudo a desnutrição. As crianças e os idosos são os mais afectados, mas infelizmente fomos surpreendidos com o último pronunciamento do Presidente da República nas vestes de presidente do MPLA, no sentido que o seu pronunciamento trouxe esse negacionismo em relação à fome", lamentou João Malavindele, director-executivo da organização OMUNGA, que integra a Plataforma Sul.
Em declarações à RFI, o activista considerou que o discurso de João Lourenço foi "infeliz" já que a fome em Angola "é fruto daquilo que tem sido a má distribuição de riquezas" no país, assim como má governação nos últimos 45 anos.
A Plataforma Sul quer responsabilizar directamente as autoridades angolanas pelas perdas de vidas devido à fome, num momento em que o flagelo se alarga a Lubango, Huíla, Huambo, Benguela e Luanda, ultrapassando o Sul do país de onde milhares de angolanos já fugiram, procurando refúgio na Namíbia, devido à seca prolongada que tem levado à fome na região.
João Malavindele 17122021 Parte 2
"Em nome da Plataforma Sul temos estado a clamar pela declaração do estado de emergência. É uma situação que o próprio executivo não tem tomado em consideração, então esse pronunciamento veio demonstrar que não existe um compromisso por parte do executivo angolano e isso preocupa-nosm uma vez que a fome está aí às portas de todos. Não estamos só a falar da região sul, estamos a falar de um fenómeno a nível nacional. Cada vez mais aumentam o número de pedintes e o Presidente da República vem com esse discurso como se em Angola não existisse fome e da relativização da fome", disse João Malavindele.
A situação económica no país, agravada pela situação pandémica, deixa actualmente milhares de pessoas em Angola sem trabalho, "levando a um nível de pobreza cada vez mais acentuado". João Malavindele alertou ainda para o facto de o nível de produção alimentar não cobrir todo o país.
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