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Bélgica/ Política

Governo belga renuncia e abre nova crise

O governo de coligação belga durou apenas cinco meses. O pedido de demissão do primeiro-ministro da Bélgica, Yves Leterme, foi feito após o abandono do partido liberal flamengo Open VDL do executivo. O motivo foi a tensão entre os grupos linguísticos francês e holandês.

Yves Letterme que renunciou ao governo belga.
Yves Letterme que renunciou ao governo belga. Reuters/François Lenoir
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O fracasso das negociações sobre os direitos linguísticos e políticos dos valões (de língua francesa) num bairro nos arredores de Bruxelas onde a maioria da população é flamenga (de língua holandesa) está por trás da nova crise do governo belga. Quem fala holandês neste local quer acabar com os privilégios linguísticos de quem fala francês.

Diante do impasse entre a população de língua francesa e a população de língua holandesa, Didier Reynders, Ministro das Finanças, foi taxativo: "Não há outra saída a não ser demissão", declarou à imprensa. Ele também fez um apelo a todas as forças políticas para evitar que o "país se afunde na crise". A decisão da sair do governo veio depois de um conselho extraordinário de ministros convocado por Leterme, cuja missão reside agora em apresentar imediatamente a demissão ao rei Albert II.

Ao longo da semana, o ex-premiê belga Jean-Luc Dehaene, tentou conciliar os dois lados, mas fracassou. “Cada grupo acredita ser o dono da verdade. Um grupo defende o princípio da territorialidade. O outro defende o princípio da identidade. Os dois são totalmente opostos”, resumiu. Logo após a renuncia do governo, o partido de extrema-direita Vlaams Belang aproveitou para reivindicar a independência da região de Flandres.

O conflito linguístico entre os dois grupos é amplo e influencia a vida política do país há muitos anos. De um lado, está a região da Valônia no sul, colonizada por franceses, e de outro, a região de Flandres, no norte, de origem holandesa, que defende sua independência sob o argumento de autonomia econômica. Os flamengos, porém, têm um poder aquisitivo maior do que os francófonos na Bélgica. Apesar da existência dos dois idiomas, apenas a capital Bruxelas é oficialmente bilíngue. 60% dos belgas falam holandês e 30% francês. Um pequeno grupo ainda fala alemão e outros dialetos.

A nova dissolução do governo belga acontece dois meses antes de a Bélgica assumir a presidência rotativa da União Europeia. O democrata-cristão Yves Leterme foi escolhido premiê da Bélgica para ocupar o lugar deixado por Herman Van Rompuy , designado presidente da União Europeia.

Com a saída do governo, Leterme termina mais uma vez um mandato de forma tumultuada. Em 2008, ele já havia renunciado depois de apenas 10 meses à frente do governo por escândalo relacionado com o desmantelamento do banco Fortis. Ele foi, posteriormente, absolvido.

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