Protestos contra austeridade terminam em confrontos em Atenas

O primeiro dia de uma das maiores greves contra as medidas de austeridade na Grécia terminou em pancadaria nesta quarta-feira. Nas margens de um protesto na capital, jovens incendiaram latas de lixo, quebraram vitrines e atiraram pedras e coquetéis molotov contra os policiais que monitoravam a manifestação. O tumulto não impediu que uma primeira votação no Parlamento aprovasse o novo plano de economias proposto pelo governo.

Jovens incendiaram latas de lixo e jogaram pedras contra a polícia, em Atenas. Reuters

Pelo menos 45 pessoas ficaram feridas, das quais 25 policiais e 20 manifestantes. Com o aumento da violência, a maioria dos pelo menos 80 mil manifestantes deixou o local. A polícia usou gás lacrimogêneo para conter os confrontos.

O tumulto se iniciou na metade da tarde, em frente ao Parlamento grego, enquanto os grevistas protestavam contra um novo plano de austeridade, cuja votação final acontece nesta quinta-feira pelos parlamentares. As novas medidas foram uma exigência dos principais credores da Grécia, a União Européia e o FMI, para ajudar a tirar o país da grave crise econômica que enfrenta.

Em uma primeira votação, realizada nesta noite, todos os 154 deputados socialistas aprovaram o plano, contra 141 votos da oposição ao governo. O primeiro-ministro, George Papandréou, pretende diminuir o número de funcionários, congelar convenções coletivas e aumentar o imposto de renda. Atenas quer a adoção do pacote no Parlamento antes da reunião do Conselho Europeu, que acontece neste domingo em Bruxelas, de olho na liberação de uma parcela de 8 bilhões de euros do plano de ajuda a Grécia.

Em toda o país, as manifestações de hoje atingiram pelo menos 125 mil pessoas e a paralisação dos serviços vai durar 48 horas. Os transportes foram atingidos: metrô, trens, ônibus e mesmo os táxis não estão funcionando. Os controladores aéreos decidiram suspender as atividades por 12 horas.

Praticamente todos os setores de atividades do país aderiram ao movimento. O clima é de desobediência civil e revolta entre os gregos com a grave crise econômica que atinge o país. Professores, médicos e até os principais jornais estão em greve, desde o início da semana. Nas ruas de Atenas, os dejetos se acumulam com a greve dos lixeiros, que começou no dia 2 de outubro.

A degradação da situação econômica da população é crescente. A redução dos salários no serviço público pode chegar a 65% do valor pago em 2009. O desemprego já afeta 42% dos jovens.