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Eleições / Europa

Merkel nega possibilidade de renegociar pacto orçamentário

A Alemanha negou nesta segunda-feira qualquer possibilidade de renegociação do pacto orçamentário europeu, que visa reforçar a disciplina na gestão das finanças públicas. Essa revisão do pacto era um dos principais pontos do programa de governo do socialista François Hollande, eleito ontem presidente da França. "Não é possível renegociar tudo após cada eleição", pois nessas condições "a Europa não funciona mais", disse a chanceler Angela Merkel. 

A chanceler alemã Angela Merkel se reúne com lideranças do seu partido (CDU) nesta segunda-feira.
A chanceler alemã Angela Merkel se reúne com lideranças do seu partido (CDU) nesta segunda-feira. REUTERS/Fabrizio Bensch
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Após a derrota dos governos pró-austeridade na França e na Grécia, a chanceler alemã Angela Merkel insistiu nesta segunda-feira sobre a importância do rigor orçamentário na Europa e de um crescimento apoiado mais em reformas estruturais do que em dívidas.

Em uma entrevista coletiva de imprensa em Berlim, Angela Merkel afirmou que o presidente eleito da França, François Hollande, será certamente acolhido "de braços abertos" durante sua primeira visita à Alemanha, que acontece logo após a transferência do poder, marcada para o dia 15 de maio. "Nós vamos trabalhar bem e de maneira intensiva juntos", acrescentou a chanceler. Mas ela se mostrou inflexível sobre o pacto orçamentário europeu, ao qual Hollande quer acrescentar um dispositivo para estimular o crescimento.

"O pacto orçamentário não pode ser negociado", repetiu a líder conservadora, que durante a campanha apoiou explicitamente o presidente Nicolas Sarkozy. "Não é possível renegociar tudo após cada eleição", pois nessas condições "a Europa não funciona mais", disse ainda Angela Merkel.

Ela estimou que se o pacto for renegociado a pedido da França, "a Grécia poderia pedir para renegociar também" o plano de austeridade que o país foi obrigado a aceitar em troca da ajuda internacional.

Sobre as eleições gregas, que traduziram uma rejeição maciça dessa política de rigor e que privaram os dois partidos pró-europeus do país da maioria parlamentar, Angela Merkel reconheceu que a situação é "complicada". Mas ela repetiu que apesar de tudo "é da maior importância que os programas [lançados na Grécia] sejam continuados".

No que diz respeito à discussão sobre o crescimento iniciada sobretudo por François Hollande, o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, já havia declarado mais cedo que a Alemanha não quer "um crescimento pelos déficits, mas um crescimento por meio de reformas estruturais".

Ou seja, o governo Merkel não pretende encorajar na Europa políticas de retomada, mas promover o caminho escolhido pela Alemanha e as reformas dolorosas do mercado de trabalho realizadas pelo ex-chanceler Gerhard Schröder.

Angela Merkel avaliou que a discussão sobre o crescimento "tinha lacunas", porque ela não levava em consideração as reflexões sobre a competitividade já lançadas em nível europeu com Nicolas Sarkozy.

Já em seu discurso da vitória na noite de ontem o presidente eleito francês declarou sua vontade de "dar à construção europeia uma dimensão de crescimento, de emprego, de prosperidade, de futuro" e de explicar a Berlim e a seus outros parceiros que "a austeridade pode não ser uma fatalidade".

Angela Merkel também enviou, por meio de seu porta-voz, uma mensagem de agradecimento a Nicolas Sarkozy, avaliando que "as respostas que a Europa encontrou diante das dificuldades levam a sua assinatura".

 

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