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Vaticano/Igreja Católica

Leonardo Boff, ex-aluno do papa, comenta renúncia de Bento 16

A Igreja Católica ainda não se recuperou da surpresa que foi a renúncia do papa Bento 16 após um curto período de pontificado. A RFI conversou com o teólogo Leonardo Boff, ex-aluno e conhecido de Bento 16, que comenta o convívio com o papa e a necessidade de distinguir Joseph Ratzinger de Bento 16.

O papa Bento 16.
O papa Bento 16. REUTERS
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O teólogo Leonardo Boff, fundador do movimento Teologia da Libertação, é um velho conhecido do papa. O brasileiro abandonou o sacerdócio em 1992, depois de ser punido pela Igreja Católica por seus questionamentos a respeito da hierarquia da Igreja, expressos no livro "Igreja, Carisma e Poder". Em 1985, quando Boff foi processado pela Congregação para a Doutrina da Fé seu então diretor era o cardeal Joseph Ratzinger.

De acordo com Boff, "Joseph Ratzinger, o teólogo, era extremamente gentil, uma pessoa fina. Quando ele se torna cardeal e assume a direção da Congregação da Fé, muda totalmente. Torna-se uma pessoa extremamente dura em termos dos conceitos e das doutrinas, a ponto de não ceder nem perdoar nada."

O teólogo ainda cita o motivo que teria levado o papa Bento 16 a renunciar a seu posto. "É uma figura ambígua e acredito que ele tenha renunciado para ser extremamente fiel ao tipo de Cristianismo romano, que é a ordem e o direito."

Boff estima que o pontificado de Bento 16 não foi brilhante."Foi um papa marcado por uma perspectiva regressiva que enxerga para trás e não para frente. É um papa regressivo, conservador, e o pior para mim, foi responsável por destruir para muitas pessoas a Igreja como um lugar espiritual."

O teólogo brasileiro completou a entrevista dizendo que em meio à crise da Igreja Católica é necessário um papa mais aberto. "Creio que sua renúncia foi providencial, no sentido que a crise da Igreja é tão profunda que necessita de um papa mais ágil, mais aberto, e que saiba gerenciá-la para que haja mais esperança. O novo papa precisa resgatar uma imagem menos desmoralizada da Igreja e que seja um forte produtor de sentido e não de conservadorismo."

Bento 16 deixará de ser papa no dia 28 de fevereiro às 17h no horário de Brasília. Sua última aparição pública como líder da Igreja Católica será na audiência geral da quarta-feira 27 de fevereiro. O conclave para eleger o novo papa começará entre os dias 15 e 20 de março.

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