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Chipre/Zona do euro

Líderes europeus comemoram acordo para salvar economia do Chipre

Nesta segunda-feira, 25 de março de 2013, vários líderes europeus comemoraram a conclusão do novo plano de resgate do sistema bancário cipriota. O Chipre pagou caro para salvar seu lugar na zona do euro, mas as incertezas sobre seu futuro continuam.

O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, declarou nesta segunda-feiar, 25 de março de 2013, que a Rússia irá analisar o pedido cipriota de flexibilização do empréstimo de € 2,5 bilhões concedido por Moscou a Nicósia.
O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, declarou nesta segunda-feiar, 25 de março de 2013, que a Rússia irá analisar o pedido cipriota de flexibilização do empréstimo de € 2,5 bilhões concedido por Moscou a Nicósia. REUTERS/Ekaterina Shtukina/RIA Novosti/Pool
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"Finalmente, Chipre sai de um período de incerteza e insegurança para a economia. foi evitado o calote, o que teria significado uma saída da zona do euro, com consequências devastadoras", disse nesta segunda-feira o porta-voz do governo cipriota, Christos Stylianides.

A chanceler alemã Angela Merkel disse nesta segunda-feira estar "muito satisfeita" com esse plano que "evita a falência" da ilha, membro da União Europeia desde 2004 e da zona do euro desde 2008.

O plano "se concentra nos dois bancos que causam problemas e na proteção inteira dos depósitos em todos os bancos", avaliou a diretora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.

O preço que Nicósia deverá pagar é muito alto. Os correntistas cipriotas e estrangeiros com saldo superior a € 100 mil em suas contas bancárias irão ajudar no processo de restruturação dos principais bancos do Chipre e deverão perder 40% de seus ativos. A maioria das contas bancárias altas pertence a oligarcas russos, atraídos pelos baixos impostos e cidadania que o país oferecia.

O segundo maior banco do país, o Banco Laiki, deve fechar, e seus correntistas com mais de € 100 mil também sofrerão perdas. As contas bancárias com depósitos inferiores a € 100 mil serão transferidas para o Banco do Chipre.

O acordo terá como consequência uma redução considerável do setor bancário cipriota, considerado grande demais em relação à economia da ilha, pois é cerca de oito vezes maior que o produto interno bruto do país.

Além da restruturação bancária, as autoridades cipriotas vão assinar nas próximas semanas com a troika (União Europeia, Banco Central Europeu e FMI) um protocolo de acordo que prevê reformas estruturais, privatizações e uma alta do imposto sobre as empresas, que passará de 10% para 12,5%.

Entre os esforços exigidos de Chipre também está a luta contra a lavagem de dinheiro, a ser definida em função dos resultados de uma auditoria iminente.

Em troca, uma ajuda de até € 10 bilhões será fornecida essencialmente pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade, mas incluirá também uma contribuição do FMI que ainda deve ser calculada.

Impacto social

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, pediu nesta segunda-feira a aplicação "o mais rápido possível" do acordo. "Devemos trabalhar duro para reduzir o impacto social da crise no Chipre", declarou.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, especificou que esse acordo foi concluído "com o apoio total do presidente cipriota", Nicos Anastasiades, que o negociou durante quase horas nesta noite em Bruxelas.

Um primeiro plano que previa uma taxa sobre todos os depósitos bancários superiores a € 20 mil já havia sido rejeitado na semana passada pelo parlamento cipriota e havia provocado violentas críticas da Rússia. O acordo concluído nesta madrugada permite respeitar a garantia europeia sobre os depósitos bancários de até € 100 mil e parece mais aceitável para Moscou.

O presidente russo Vladimir Putin pediu a sua equipe que estude "as condições de restruturação" do empréstimo de € 2,5 bilhões concedido por Moscou ao Chipre em 2011, como pedia Nicósia.

"Levando-se em conta as decisões que foram tomadas pelo Eurogrupo, Putin considera possível apoiar os esforços do presidente do Chipre e da Comissão europeia para resolver a crise", declarou o porta-voz do Kremlin.

Nicósia vai no entando restringir a movimentação de capitais para evitar que sejam retirados em massa da ilha, e a reabertura dos bancos prevista para terça-feira ainda não é certa.

As autoridades cipriotas não precisarão da aprovação do Parlamento para adotar o novo plano de resgate. Mas ele ainda deve ser aprovado até a metade do mês de abril por vários Parlamentos da zona do euro, incluindo a Alemanha. A primeira parcela da ajuda ao Chipre está prevista para o início de maio.

O acordo fechado nesta madrugada para salvar o sistema bancário do Chipre esquentou o pregão nas bolsas asiáticas e provocou uma alta da cotação do euro, mas vários analistas dizem que ele não garante o futuro do país e a estabilidade da zona do euro.

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