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Relatório OCDE

Alemanha assume a liderança da imigração na Europa

A Alemanha tornou-se o primeiro país de imigração na Europa e o segundo no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Os dados, referentes ao ano de 2012, constam em um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) divulgado nesta segunda-feira (1°), na sede da entidade, em Paris.

Construção de um centro para imigrantes em Koepenick, distrito de Berlim. 27 de novembro de 2014.
Construção de um centro para imigrantes em Koepenick, distrito de Berlim. 27 de novembro de 2014. REUTERS/Hannibal Hanschke
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Para o secretário-geral da OCDE, Angel Gurria, "este momento é um divisor de águas". O país, transformado em ilha de prosperidade no período pós-crise financeira de 2008, precisa de imigrantes e atrai, agora, vizinhos do sul da Europa.

"Depois dos Estados Unidos, a Alemanha tornou-se o segundo país a receber o maior número de imigrantes no mundo, quando ela estava em oitavo lugar em 2009", escreve a OCDE no seu relatório anual sobre a imigração.

Em 2012, a Alemanha recebeu cerca de 400 mil imigrantes. Esse volume é inferior a 1 milhão de entradas observadas nos Estados Unidos, mas ultrapassa outras nações europeias assediadas pelos imigrantes, como Reino Unido (286 mil), França (259 mil) e Itália (258 mil). Essa tendência deve ter continuado em 2013, com uma estimativa de 465 mil desembarques, segundo a OCDE.

Envelhecimento da população

Grande parte das "entradas permanentes" na Alemanha vem da União Europeia. A saúde econômica de Berlim atraiu migrantes de países da Europa central e do leste, com vínculos culturais tradicionais com os alemães. A novidade é que o país, governado pela chanceler Angela Merkel, passou a receber vizinhos do sul, afetados pela crise econômica. Os fluxos migratórios dessas regiões triplicaram em três anos.

O relatório da OCDE destaca que as recentes alterações feitas na legislação, para contrabalançar o envelhecimento da população local, também facilitaram a chegada de europeus às cidades alemãs.

No que diz respeito ao asilo político, o país também figura no topo da lista da OCDE. A Alemanha recebeu no ano passado 110 mil solicitações de asilo, contra 68 mil dos Estados Unidos e 60 mil da França. A maioria dos candidatos ao exílio são refugiados da guerra na Síria (47 mil pedidos em 2013) e no Afeganistão (34 mil).

Crise altera fluxos migratórios

A França, por outro lado, mantém um ritmo de imigração estável: mais 8% desde 2011 e um aumento de 21% em cinco anos, de acordo com a OCDE.

Na Espanha e Itália, que enfrentaram um forte aumento do desemprego nos últimos anos, a imigração recuou, comparativamente ao ranking de 2007. Os dois países estavam em 2° e 3° lugares na lista da organização, mas foram ultrapassados.

Contra a ideia pré-concebida de que a imigração explodiu na Europa, a crise reduziu as entradas de cidadãos de países externos ao bloco. O número de imigrantes nessa categoria diminuiu para 950 mil pessoas em 2012, contra 1,4 milhão em 2007.

Mudança no perfil do imigrante

O perfil dos migrantes mudou, segundo a OCDE. A China ainda é a nação do mundo a exportar o maior contingente de cidadãos ao exterior, mas, no caso da América Latina, as saídas diminuíram significativamente. O crescimento econômico sustentado e a redução das desigualdades fixaram os latino-americanos em seus países.

Outro dado curioso é que o nível de instrução dos imigrantes se aperfeiçoou, em comparação com "safras" precedentes. Cerca de 70% das pessoas que imigraram na última década possuem grau de educação elevado, enquanto a migração por motivo de trabalho caiu 12% entre 2008 e 2012.

Diante dessas mudanças, a OCDE enfatiza que o debate se focaliza, atualmente, na coesão social dos imigrantes em seus novos países. A entidade adverte as autoridades a não abrir mão dos benefícios de longo prazo da imigração e a minimizar a hostilidade da opinião pública, assim como posicionamentos políticos imediatistas.

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