Alemanha assume a liderança da imigração na Europa
A Alemanha tornou-se o primeiro país de imigração na Europa e o segundo no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Os dados, referentes ao ano de 2012, constam em um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) divulgado nesta segunda-feira (1°), na sede da entidade, em Paris.
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Para o secretário-geral da OCDE, Angel Gurria, "este momento é um divisor de águas". O país, transformado em ilha de prosperidade no período pós-crise financeira de 2008, precisa de imigrantes e atrai, agora, vizinhos do sul da Europa.
"Depois dos Estados Unidos, a Alemanha tornou-se o segundo país a receber o maior número de imigrantes no mundo, quando ela estava em oitavo lugar em 2009", escreve a OCDE no seu relatório anual sobre a imigração.
Em 2012, a Alemanha recebeu cerca de 400 mil imigrantes. Esse volume é inferior a 1 milhão de entradas observadas nos Estados Unidos, mas ultrapassa outras nações europeias assediadas pelos imigrantes, como Reino Unido (286 mil), França (259 mil) e Itália (258 mil). Essa tendência deve ter continuado em 2013, com uma estimativa de 465 mil desembarques, segundo a OCDE.
Envelhecimento da população
Grande parte das "entradas permanentes" na Alemanha vem da União Europeia. A saúde econômica de Berlim atraiu migrantes de países da Europa central e do leste, com vínculos culturais tradicionais com os alemães. A novidade é que o país, governado pela chanceler Angela Merkel, passou a receber vizinhos do sul, afetados pela crise econômica. Os fluxos migratórios dessas regiões triplicaram em três anos.
O relatório da OCDE destaca que as recentes alterações feitas na legislação, para contrabalançar o envelhecimento da população local, também facilitaram a chegada de europeus às cidades alemãs.
No que diz respeito ao asilo político, o país também figura no topo da lista da OCDE. A Alemanha recebeu no ano passado 110 mil solicitações de asilo, contra 68 mil dos Estados Unidos e 60 mil da França. A maioria dos candidatos ao exílio são refugiados da guerra na Síria (47 mil pedidos em 2013) e no Afeganistão (34 mil).
Crise altera fluxos migratórios
A França, por outro lado, mantém um ritmo de imigração estável: mais 8% desde 2011 e um aumento de 21% em cinco anos, de acordo com a OCDE.
Na Espanha e Itália, que enfrentaram um forte aumento do desemprego nos últimos anos, a imigração recuou, comparativamente ao ranking de 2007. Os dois países estavam em 2° e 3° lugares na lista da organização, mas foram ultrapassados.
Contra a ideia pré-concebida de que a imigração explodiu na Europa, a crise reduziu as entradas de cidadãos de países externos ao bloco. O número de imigrantes nessa categoria diminuiu para 950 mil pessoas em 2012, contra 1,4 milhão em 2007.
Mudança no perfil do imigrante
O perfil dos migrantes mudou, segundo a OCDE. A China ainda é a nação do mundo a exportar o maior contingente de cidadãos ao exterior, mas, no caso da América Latina, as saídas diminuíram significativamente. O crescimento econômico sustentado e a redução das desigualdades fixaram os latino-americanos em seus países.
Outro dado curioso é que o nível de instrução dos imigrantes se aperfeiçoou, em comparação com "safras" precedentes. Cerca de 70% das pessoas que imigraram na última década possuem grau de educação elevado, enquanto a migração por motivo de trabalho caiu 12% entre 2008 e 2012.
Diante dessas mudanças, a OCDE enfatiza que o debate se focaliza, atualmente, na coesão social dos imigrantes em seus novos países. A entidade adverte as autoridades a não abrir mão dos benefícios de longo prazo da imigração e a minimizar a hostilidade da opinião pública, assim como posicionamentos políticos imediatistas.
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