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#França/Emmanuel Macron

Macron: França “nunca combate o Islão”

O Presidente francês, Emmanuel Macron, publicou, na quarta-feira à noite, no jornal britânico Financial Times, uma tribuna para explicar que “a França combate o separatismo islamita, nunca o Islão”, em resposta a um artigo publicado na segunda-feira e entretanto retirado do “site” do jornal.

Presidente francês, Emmanuel Macron, e presidente da Câmara de Nice, Christian Estrosi, depois de atentado junto a uma igreja de Nice. 29 de Outubro de 2020.
Presidente francês, Emmanuel Macron, e presidente da Câmara de Nice, Christian Estrosi, depois de atentado junto a uma igreja de Nice. 29 de Outubro de 2020. AP - Eric Gaillard
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Na “carta à redacção”, também publicada na página internet do Eliseu, o Presidente francês, Emmanuel Macron, explica que “a França combate o separatismo islamita, nunca o Islão”, em resposta a um artigo publicado na segunda-feira, mas entretanto retirado do “site”.

O chefe de Estado francês mostra-se indignado com o artigo que acusa de “alimentar um clima de medo e de suspeição” contra os muçulmanos de França.

Baseando-se em falsas citações [confundindo ‘separatismo islâmico – um termo que nunca usei e ‘separatismo islamita’ – uma realidade no meu país,] fui acusado de estigmatizar, com fins eleitoralistas, os franceses muçulmanos; pior, de alimentar um clima de medo e de suspeição contra eles”, explica.

Como no canal Al-Jazeera, na semana passada, Emmanuel Macron quer explicar, além-fronteiras, que a luta contra o “separatismo islamita” não é um combate contra o Islão, numa altura em que os muçulmanos de vários países fizeram vários protestos contra ele e em que houve apelos ao boicote de produtos franceses.

Na carta, o Presidente francês recorda que desde o ataque ao Charlie Hebdo em 2015, houve uma vaga de atentados em França que fez 300 mortos – “mulheres homens, polícias, militares, professores, jornalistas, caricaturistas, judeus, um padre, jovens que viam um concerto ou bebiam um copo, crianças em frente à escola, simples cidadãos” - e que o país está a ser atacado pelos seus valores, pela laicidade, pela liberdade de expressão e que “não vai ceder”.

Emmanuel Macron fala dos casos de "separatismo" islamita, evocando “centenas de indivíduos radicalizados, que se teme, a qualquer momento, que agarrem numa faca e matem franceses”.

Em alguns bairros e na internet, grupos ligados ao Islão radical ensinam às crianças de França o ódio contra a República e pedem-lhes para não respeitarem as leis. Foi isso que chamei, num discurso, de ‘separatismo’. Não acreditam em mim? Releiam as mensagens, os apelos ao ódio publicados em nome de um Islão devoto nas redes sociais que acabaram com a morte do professor Samuel PATY há alguns dias.

Visitem os bairros onde as meninas de três e quatro anos usam o véu integral, são separadas dos meninos e, desde crianças, são excluídas do resto da sociedade e educadas num projecto de ódio contra os valores de França.

Falem com os nossos governadores civis que são confrontados, no terreno, com centenas de indivíduos radicalizados que tememos que, a qualquer momento, agarrem numa faca e matem franceses.

É contra isto que a França quer lutar hoje. Contra projetos de ódio e de morte que ameaçam as suas crianças. Nunca contra o Islão. Contra o obscurantismo, o fanatismo, o extremismo violento. Nunca contra uma religião. Dizemos: não no nosso país. é o nosso direito enquanto nação soberana. Enquanto povo livre.

O Presidente conclui escrevendo: "Não deixarei nunca ninguém afirmar que a França, o seu Estado, cultiva o racismo contra os muçulmanos” e sublinha que “face aos terroristas que querem dividir”, os franceses ficam “unidos” e não precisam de “artigos de jornais que tentam dividir” o povo.

Emmanuel Macron lamenta que as suas declarações tenham sido “deformadas”, recorda que “as forças de ordem protegem as mesquitas, como as igrejas e as sinagogas”, que “a França é um país que sabe o que deve à civilização islâmica: a sua matemática, a sua ciência, a sua arquitectura” e que anunciou “a criação em Paris de um instituto para mostrar toda essa riqueza”.

 

 

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