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França / Argélia

França anuncia desclassificação de arquivos sobre a guerra de libertação da Argélia

O governo francês anunciou hoje a sua decisão de abrir os arquivos judiciais alusivos à época da guerra de libertação da Argélia entre 1954 e 1962 quinze anos antes do prazo inicialmente previsto, no intuito de "olhar a verdade de frente" sobre esta guerra e apaziguar a relação entre os dois países.

Soldados das unidades da guarda territorial vigiam os nacionalistas franceses que se insurgem contra a política de autodeterminação da Argélia do presidente de Gaulle, a 28 de Janeiro de 1960 em Argel.
Soldados das unidades da guarda territorial vigiam os nacionalistas franceses que se insurgem contra a política de autodeterminação da Argélia do presidente de Gaulle, a 28 de Janeiro de 1960 em Argel. © Keystone-France/Gamma-Keystone via Getty
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"Temos coisas para reconstruir com a Argélia, elas só poderão reconstruir-se alicerçadas na verdade" argumentou hoje a Ministra francesa da Cultura que tutela este dossier, ao anunciar que vão desclassificados todos os arquivos alusivos às investigações judiciais e policiais em torno da guerra de libertação da Argélia, respondendo pela positiva a pedidos neste sentido por parte de investigadores dos dois lados do Mediterrâneo.

“É a falsificação que traz todos os excessos, todas as angústias e todo o ódio. A partir do momento em que os factos estão em cima da mesa, em que são reconhecidos, em que são analisados, é a partir desse momento que podemos construir outra história, uma reconciliação" defendeu ainda Roselyne Bachelot não descartando por outro lado que isto implique que a França possa vir a reconhecer actos de tortura durante o conflito. "Está no interesse da França de o reconhecer" indicou a ministra.

O anúncio desta decisão intervém dois dias depois do chefe da diplomacia francesa Jean-Yves le Drian ter efectuado uma visita oficial à Argélia em que apelou a um apaziguamento das relações entre os dois países que têm estado a conhecer um período conturbado. Argel chamou de volta o seu embaixador em França e decidiu proibir os aviões franceses que participam nas operações de segurança no Sahel de sobrevoar o seu território, depois de o Presidente francês ter acusado o regime argelino de fazer "aproveitamento político" da memória da guerra de libertação.

Este gesto do governo francês que se inscreve numa tentativa de reatar os laços com Argel, também se insere numa política chamada dos "pequenos passos" encetada em 2017, quando Emmanuel Macron, antes mesmo da sua eleição, tinha aludido à guerra da Argélia como sendo um 'Crime contra a Humanidade'.

Mais recentemente, em Setembro, esta política levou o executivo francês a pedir desculpa e mandar votar uma lei para compensar os Harkis, os argelinos que escolheram combater do lado dos franceses e que a seguir à guerra, quando não tinham sido raptados ou executados em ajustes de contas, foram recebidos pela França em acampamentos indignos e sem gozar dos mesmos direitos que qualquer cidadão francês.

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