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França

Remodelação governamental em França opera autêntica dança das cadeiras

Um mês depois da sua nomeação, a primeira-ministra Elisabeth Borne dirige desde hoje uma equipa remodelada em função dos resultados da segunda volta das legislativas do passado dia 19 de Junho em que o campo presidencial perdeu a sua maioria absoluta. Esta segunda-feira à tarde decorre o primeiro conselho de ministros deste novo executivo, dois dias antes de Elisabeth Borne apresentar na Assembleia Nacional as orientações do seu governo.

A Primeira-ministra francesa Elisabeth Borne no palácio do governo no passado dia 21 de Junho de 2022.
A Primeira-ministra francesa Elisabeth Borne no palácio do governo no passado dia 21 de Junho de 2022. REUTERS - POOL
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Nesta nova equipa que conta com 42 ministros, com um número igual de mulheres e de homens repartidos pelos postos ministeriais e de secretarias de Estado, entram novas figuras aliadas do campo presidencial, outras saem, outras voltam, outras permanecem e mudam de cargo, outras ainda permanecem no posto que ocupavam anteriormente.

Tal é o caso por exemplo de Gerald Darmanin que continua a ser Ministro do Interior, mas passa igualmente a chefiar o Ministério do Ultramar cuja anterior titular, Yaël Braun-Pivet, acaba de ser eleita Presidente da Assembleia Nacional.

Tal é o caso igualmente do Ministro da Economia, Bruno Le Maire, de Catherine Colonna que permanece na chefia da diplomacia, de Eric Dupond-Moretti que apesar de ser suspeito de conflito de interesses, permanece no pelouro da justiça, ou ainda de Pap Ndiaye que permanece no leme da educação nacional ou de Rima Abdul-Malak que continua a ser Ministra da Cultura.

Já entre os novos membros do governo, chega à chefia do Ministério da Saúde o médico François Braun, presidente do Samu (Serviço de Ajuda Médica de Urgência) em substituição de Brigitte Bourguignon, derrotada nas legislativas e desta feita implicitamente empurrada para a saída. Hervé Berville, deputado da zona de Côtes-d'Armor, no noroeste, é nomeado Secretário de Estado do Mar, em substituição de Justine Benin após o seu fracasso nas eleições.

Destaque igualmente para o ex-ministro das Comunidades Territoriais, Christophe Béchu, que acaba de ser promovido para a Transição Ecológica em substituição de Amélie de Montchalin, derrotada nas legislativas.

Também entre os que ficam mas mudam de lugar, numa autêntica dança das cadeiras musicais, pode-se citar o antigo Ministro das Relações entre o Governo e o Parlamento, Olivier Véran, que doravante é porta-voz do Governo no lugar de Olivia Grégoire, que passa agora para o pelouro do Artesanato, Comércio, Turismo e Pequenas e Médias Empresas. Franck Riester, até então Ministro Delegado de Comércio Exterior e Atractividade, é agora responsável pelas Relações com o Parlamento. Clément Beaune, até então Ministro Delegado responsável pela Europa, assume doravante a chefia do Ministério dos Transportes.

Entre os Ministros de anteriores governos, destaca-se Marlène Schiappa, figura do feminismo que algumas semanas depois de deixar de ter a tutela da Cidadania, volta a assumir um posto ministerial, desta vez como responsável pela Economia Social e Solidária e a Vida Associativa.

Entre os ministros que não são reconduzidos, cite-se Damien Abad, até à data Ministro das Solidariedades, da Autonomia e das Pessoas com Deficiências. Acusado de tentativa de violação, ele tinha-se tornado uma pedra no sapato do anterior governo de Elisabeth Borne.

Reagindo à sua exoneração, o responsável político que conserva contudo o seu mandato de parlamentar, após ser reeleito deputado com quase 58% de votos no seu círculo eleitoral, denunciou o que qualificou de "ignóbeis calúnias" e prometeu que iria "defender-se sem descanso até que a justiça confirme a sua inocência" .

Num nível mais alargado, o elenco deste novo governo não deixou de suscitar reacções no seio da oposição. Na extrema-direita, Marine le Pen lamentou no Twitter que o chefe de Estado "faça novamente ouvidos moucos ao veredicto das urnas e à ânsia dos franceses por outra política". À esquerda, a coligação Nupes ironizou sobre o que qualificou de governo "Titanic".

Mal acaba de ser nomeada, a nova equipa já está em acção com o seu primeiro Conselho de Ministros esta tarde. Na quarta-feira, Elisabeth Borne deveria apresentar as orientações do seu governo, a Nupes na oposição ameaçando desde já apresentar uma moção de censura, enquanto os republicanos condicionam o seu voto às suas "linhas vermelhas".

Neste contexto em que cada projecto deverá ser examinado caso a caso, no próximo dia 11 de Julho, deve ser analisado o projecto de lei sanitária permitindo a manutenção de medidas de protecção face ao recrudescimento dos casos de covid-19 no país. Em seguida, no dia 18 de Julho, deve estar em cima da mesa um projecto de lei sobre o poder de compra, uma das principais preocupações da população francesa.

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