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França

Petrolífera francesa Total em greve há 2 semanas sem solução à vista

Há praticamente 2 semanas que as refinarias e depósitos da petrolífera francesa Total estão bloqueados por um movimento de greve que também alastrou para as estruturas francesas da ExxonMobil. Neste fim-de-semana, a direcção da Total indicou estar disposta a avançar a data de negociações inicialmente previstas para 15 de Novembro na condição de acabar o bloqueio. Uma "chantagem" do ponto de vista dos grevistas que hoje reconduziram o movimento.

A greve dos trabalhadores da Total foi reconduzida nesta segunda-feira 10 de Outubro de 2022.
A greve dos trabalhadores da Total foi reconduzida nesta segunda-feira 10 de Outubro de 2022. AP - Jan Woitas
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De acordo com o executivo francês, este movimento afecta já um terço das bombas de gasolina do país e coloca os seus dirigentes sob pressão, com Emmanuel Macron a dar novamente conta da sua preocupação .

Depois de já ter apelado na sexta-feira ao diálogo entre as partes, o Presidente francês tornou hoje a expressar o desejo de que "uma saída seja encontrada" e que haja "uma conclusão rápida das negociações", Emmanuel Macron exortando "o conjunto das empresas afectadas e os seus trabalhadores a ter um espírito de responsabilidade".

Neste contexto, o executivo francês decidiu fazer chegar pontualmente combustível proveniente das reservas estratégicas do país às zonas onde os efeitos da greve se fazem mais sentir. Uma medida que segundo o sindicato CGT vai fazer "ganhar tempo" aos grupos petrolíferos.

Neste fim-de-semana, a direcção da Total disse estar disposta a avançar a data das negociações salariais, inicialmente previstas para o dia 15 de Novembro, na condição de os grevistas acabarem com o seu movimento. Só que para além de a CGT denunciar uma "chantagem" por parte dos dirigentes da petrolífera, o sindicato também sublinhou que as negociações previstas para o mês que vem incidem sobre os salários de 2023 e que eles pretendem é, antes disso, obter reajustes salariais para este ano.

A direcção da Total que argumenta ter já aumentado os salários numa média de 3,5% no passado mês de Março, hoje foi mais longe, denunciando também uma "chantagem" por parte dos grevistas e afirmando que o salário médio de um operador de refinaria é de 5.000 Euros.

Ao comentar esta guerra dos números e da comunicação entre os dirigentes da Total e a CGT, Carlos Vinhas Pereira, professor de finanças na Universidade Paris Dauphine, realça que "o que está em causa é um pedido de aumento salarial de 10% que é mais ou menos o dobro da taxa de inflação (neste mês de Setembro situava-se em 5,6% comparativamente ao mesmo período em 2021)" e que "estamos a falar de um salário médio de 5.000 Euros líquidos por mês o que, dentro da média francesa que é de 1.700 Euros, pode parecer um pouco exagerado".

O professor universitário mostra-se todavia confiante de que vai ser encontrada uma solução para este problema mas que "mesmo a ser resolvido, haverá um período de letargia mais ou menos de 10 dias para podermos novamente encontrar uma situação normal nas bombas de gasolina".

Até lá, a greve continua, uma maioria de trabalhadores das estruturas em greve tendo votado esta tarde a favor da recondução do movimento até amanhã. Uma situação que preocupa tanto mais o governo, que ela acontece a poucos dias de uma manifestação contra o aumento do custo de vida convocada pela oposição de esquerda NUPES no próximo domingo.

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