França/México

Queda de braço diplomática entre França e México se agrava

A prisão da francesa Florence Cassez no México, condenada a 60 anos, e a recusa das autoridades do país em transferí-la para a França para cumprir a pena, estão provocando uma verdadeira guerra jurídica e diplomática entre os dois países que, até agora, mantinham excelentes relações.

Publicado a: 15/02/2011 - 11:56Modificado a: 15/02/2011 - 16:11

Por: RFI

Na manhã desta terça-feira, o ministro do Interior, Brice Hortefeux, declarou que o governo da França mantém o apoio à Florence Cassez e vai continuar uma batalha jurídica para libertá-la, apesar da crise diplomática com o México. Hortefeux disse que há muitos instrumentos e meios legais a serem acionados, citando a Corte Internacional de Justiça e o aparato jurídico existente na América Latina. Segundo o ministro, o governo não vai recuar em sua disposição de ajudar Florence Cassez, com quem o presidente Sarkozy está em contato. Na segunda-feira, o presidente francês recebeu os pais dela no Palácio do Eliseu.

Os fatos

A jovem e bonita Florence Cassez foi presa em 8 de dezembro de 2005, no México, com seu companheiro Israel Vallarta. Ambos foram acusados de liderarem o "Bando do Zodíaco", responsável por diversos raptos. Condenada pela justiça mexicana a 60 anos de prisão por sequestro, porte de armas e participação em crime organizado, ela sempre clamou sua inocência. Na última quinta-feira, um tribunal no México rejeitou o último apelo da francesa e deu o processo por encerrado.

Ano do México na França

Como todos os anos, a França organiza uma série de eventos culturais dedicados a um país, com exposições, concertos, lançamento de livros, debates e conferências. Em 2005, ano em que a moça foi presa, foi o Ano do Brasil, e 2011 é o Ano do México na França. O objetivo do evento é reforçar os laços de amizade bilaterais.

Agora, diante deste caso, o presidente Sarkozy decidiu dedicar o Ano do México na França à Florence Cassez, o que irritou profundamente as autoridades mexicanas. Nesta segunda-feira, o presidente Felipe Calderón retirou o seu país da organização do evento, em represália à decisão de Sarkozy. Mais tarde, o embaixador mexicano na França, Carlos Icaza, declarou que país aceita participar do evento, desde que o nome de Florence Cassez não seja citado.

O ministro Brice Hortefeux declarou que o governo francês está ciente da decisão, que diz respeito à soberania das autoridades mexicanas. Apesar da crise estar configurada, Hortefeux descartou uma ruptura das relações diplomáticas entre a França e o México.