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França/Eleições

Sarkozy ataca centrais sindicais e promete novo modelo social

O presidente Nicolas Sarkozy pediu às centrais sindicais francesas para “deixar a bandeira vermelha” e “servir à França”, durante discurso para milhares de pessoas reunidas nesta terça-feira na Esplanada do Trocadero, em Paris. O encontro, batizado por Sarkozy como uma celebração do “verdadeiro trabalho”, foi organizado para contrabalançar o tradicional desfile das centrais sindicais para festejar o Dia do Trabalhador.

Nicolas Sarkozy, na Esplanada do Trocadero, em Paris, onde discursou nesta terça-feira, 1° de maio.
Nicolas Sarkozy, na Esplanada do Trocadero, em Paris, onde discursou nesta terça-feira, 1° de maio. Reuters/Philippe Wojazer
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“Digo às centais sindicais: deixem a bandeira vermelha e sirvam à França”, afirmou Sarkozy pedindo para os representantes dos trabalhadores que manifestam neste dia 1° de Maio “olhar o mundo tal como ele é”. “Proponham aos trabalhadores construir um mundo baseado na realidade e não na mentira e picuinhas. Em um mundo que muda tanto, nós, franceses, não temos que ficar paralizados”, disse Sarkozy.

“Deixem de lado os partidos. Porque os que vocês apoiam hoje não vão corresponder”, disse o presidente-candidato em referência à vários sindicatos que expressaram o desejo de ver sua derrota diante de François Hollande no próximo domingo, no segundo turno das eleições presidenciais.

O recado foi dado no mesmo momento em que as centrais iniciavam em outro ponto da capital francesa o desfile que ganhou uma forte conotação política este ano devido às eleições presidenciais. Apesar de concentrar seus slogans em temas sociais, como desemprego, poder aquisitivo e luta contra a xenofobia e o racismo, as lideranças aproveitaram para também manifestar suas posições políticas. O presidente da maior sindical do país, a CGT, Bernard Thibault, anunciou nesta terça-feira seu voto para o socialista Hollande.

“Deixem os partidos de lado porque o papel de vocês não é de fazer política. O papel de vocês não é o de defender uma ideologia, o papel de vocês é defender os assalariados”, afirmou o presidente-candidato. “Na República não são os sindicatos que governam, e sim, o governo”, disse Sarkozy entre aplausos.

A secretária-geral do Partido Socialista, Martine Aubry, acusou Sarkozy de “dividir os franceses” ao organizar uma “contra- manifestação de 1° de maio” para enfraquecer o desfile das centrais sindicais, um evento que reúne vários líderes da esquerda francesa.

“ É um momento de união, de solidariedade e em nenhum momento de divisão. Ninguém deve tirar proveito, mas ninguém também deve combatê-lo, como faz atualmente o presidente Sarkozy”, disse Aubry. “ Que ninguém se engane. Ele é, sem dúvida, o presidente que mais combateu os desempregados do que o desemprego, que criou muitas desigualdades e que destruiu os serviços públicos”, afirmou.

“Novo modelo social “

Durante seu discurso, Nicolas Sarkozy prometeu um “novo modelo social” para os franceses. “Eu quero um novo modelo social francês que não procure reduzir o custo do trabalho diminuindo os salários. Os salários estão muito baixos”, afirmou o presidente, prometendo um estado “empreendedor”.

“Eu quero um novo modelo social francês onde o sucesso não será mais visto como suspeito e sim como um exemplo... Nós não queremos mais o ciúme, a amargura, a luta de classes. Não queremos o socialismo”, afirmou diante da multidão que agitava as bandeiras tricolores do país.

Um pouco antes, em seu discurso em Nevers, no interior da França, o candidato socialista, François Hollande, acusou o presidente Sarkozy de ceder à tentação de dividir os franceses.

“Eu não posso aceitar que exista, aqui na França, uma batalha de 1° de maio contra o sindicalismo”, disse Hollande. “Eu não aceitarei que o presidente assuma o valor do trabalho.. Nós somos todos conscientes que o valor do trabalho deve ser defendido, promovido, valorizado”, afirmou o socialista.

Hollande mais uma vez acusou Sarkozy de insistir no tema da imigração para desviar a atenção dos principais temas que são “o desemprego, o poder aquisitvo, a luta contar as desigualdades”. 

 

 

 

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