Famílias de vítimas do atentado de Karachi prestam queixa contra ex-presidente Sarkozy

O ex-presidente francês foi alvo hoje de uma queixa na justiça por "violação de sigilo de inquérito judicial". A ação foi apresentada por duas famílias de vítimas do atentado de Karachi, no Paquistão, em 2002. O atentado matou 11 franceses que trabalhavam num canteiro naval na cidade portuária paquistanesa.

Em 14 de junho passado, Nicolas Sarkozy (c) participou ao lado de Valérie Giscard d'Estaing (d) e de François Hollande (e) de cerimônia em homenagem a soldados franceses mortos no Afeganistão. REUTERS/Philippe Wojazer

A queixa judicial contra Sarkozy também atinge o ex-conselheiro de comunicação do presidente, Franck Louvrier, e o ex-ministro do Interior Brice Hortefeux. Segundo as famílias que movem a ação, o nome do chefe de Estado não aparece nenhuma vez nos documentos da investigação sobre o atentado. Elas desconfiam que Sarkozy teria tido acesso aos documentos, o que comprovaria a intervenção ilícita do ex-presidente na investigação do caso, que se arrasta há dez anos.

Sarkozy estaria sendo investigado pelos juízes que instruem o processo pelo fato de ter conhecimento da manobra política que permitiu o uso do dinheiro proveniente da venda de armas ao Paquistão para financiar, nos anos 90, a campanha presidencial do ex-primeiro ministro Edouard Balladur. O atentado teria acontecido como represália de grupos radicais paquistaneses ligados ao governo local contra os franceses, acusados de negociar armas com a Índia, inimiga histórica do Paquistão. Na época, Sarkozy era ministro do Planejamento e teria, segundo suspeitas, autorizado a criação de uma empresa em Luxemburgo para movimentar o dinheiro destinado aos intermediários envolvidos na venda de armas.

A queixa judicial das famílias tem caráter simbólico, já que a imunidade presidencial de Sarkozy terminou na última sexta-feira.