Presidente francês recebe partidos após Brexit
O Presidente francês François Hollande continua este sábado reuniões iniciadas logo após o tsunami político que foi a saída do Reino Unido da Europa, recebendo agora os chefes de partidos franceses.
Publicado a: Modificado a:
O tsunami político provocado pelo voto dos britânicos em referendo pela saída da União europeia força os principais dirigentes europeus a desdobrar-se em reuniões para a analisar o fenómeno e traçar estratégias estando na primeira linha o presidente francês François Hollande que recebe este sábado 25 de junho no Eliseu chefes de partidos franceses.
Com esta reunião deste sábado, Hollande prossegue assim a maratona começada ontem sexta-feira depois de toda a Europa ter sido sacudida pela decisão dos britânicos de abandonar a União europeia num acto soberano através do tão falado referendo conhecido por Brexit.
François Hollande, que contactou logo ontem o primeiro-ministro britânico, David Cameron, o derrotado, assim como a chanceler alemã, Angela Merkel e outros líderes europeus, quer traçar um plano de acção para ultrapassar a crise criada com o Brexit.
Desses contactos decidiu-se marcar uma cimeira de chefes de estado e de governos da União europeia para 28 de junho.
A nível interno da França ao receber chefes de partidos franceses, o presidente da República, quer enviar o sinal de que o chefe de Estado está atento e que tem capacidade de com outros líderes encontrar soluções ao tsunami britânico que invadiu a Europa e antecipar assim outros solavancos que possam ser orquestrados noutros países europeus muito críticos ao funcionamento da União europeia.
Aliás, entre os chefes de partidos em França recebidos no Eliseu, há o próprio ex-chefe de estado, Nicolas Sarkozy, que pediu uma revisão dos tratados europeus, logo esta sexta-feira, após os resultados vindos do Reino Unido.
A líder da extrema direita da Frente Nacional, Marine Le Pen, reclamou, por seu lado um Frexit, quer dizer, uma saída da França da União europeia e felicitou o povo britânico.
Assim, o chefe de Estado, François Hollande, vai tentar unificar a França tentado fazer a síntese das propostas e críticas que serão feitas durante a maratona deste sábado, (25) no Eliseu.
Mas o ex-Presidente Sarkozy, que já está em campanha para as presidenciais de 2007 e em grandes dificuldades frente ao antigo primeiro-ministro, Alain Juppé, quer protagonismos e mostrou logo ontem o caminho propondo uma renogociação dos tratados europeus, que ele praticou enquanto chefe de estado.
Mas no Eliseu, a mensagem é a de que a Europa atravessa um mau momento, sendo normal que o presidente François Hollande ouça os líderes dos partidos representados no Parlamento, para ouvi-los e preparar propostas para submeter aos seus homólogos na cimeira de 28 de junho.
Logo, o sinal enviado é que a França deve mostrar-se unida em momentos difíceis e ter capacidade de proposta nacional junto dos parceiros europeus.
Só que a França não está nada unida e vive actualmente uma grave crise política e social com manifestações e greves de diferentes sectores de actividade económica e o próprio presidente François Hollande e o seu primeiro-ministro Manuel Valls estão em queda livre nas sondagens criticados no seio do próprio partido socialista e na própria família da esquerda.
Jean-Luc Mélenchon, líder da esquerda radical e candidato às presidenciais, reforçado pela popularidade que está a ter nas sondagens à frente do próprio chefe de estado Hollande, reagiu igualmente esta sexta-feira, dizendo que o sinal enviado pelos britânicos é o fim da "Europa dos privilégios".
Com uma taxa de desemprego crónica sobretudo entre os jovens a França e a Europa duma maneira geral estão atravessadas por uma autêntica revolta dos povos da Europa que se sentem traídos pelas propostas feitas pela União europeia de que o continente unido teria mais empregos e melhores salários.
A realidade é completamente diferente com desemprego em massa e as populaçoões desorientadas sem líderes à altura, razão pela qual, estão a virar-se para populistas e extremismos de direita e de esquerda, que certamente, não têm soluções para a grave crise política, social, económica e financeira que vive a Europa.
Entretanto, ouça aqui o relato das conclusões da reunião que terminou no fim da tarde já com diferentes declarações de actores que nela participaram, como o ex-presidente Sarkozy, que reafirmou, o que já tinha declarado antes e defendeu acordos intergovernamentais.
João Matos sobre a França e o Brexit
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro