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França

França: Propostas do Governo não convencem sindicatos

O Primeiro-Ministro francês, Édouard Philippe, apresentou nesta quarta-feira 11 de dezembro as reformas que pretende aplicar no sistema de pensões de aposentação em França. Propostas que não agradaram aos sindicatos.

Édouard Philippe, Primeiro-Ministro francês
Édouard Philippe, Primeiro-Ministro francês Thomas SAMSON / POOL / AFP
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Édouard Philippe, no início do discurso, tentou apaziguar a situação, numa altura em que se contabilizam 7 dias de greve em França, sobretudo nos transportes públicos: “Esta refundação (ndr: das pensões) não é uma batalha”, assegurou.

No entanto as propostas apresentadas foram sensivelmente as mesmas que já tinham filtrado na imprensa. Houve apenas alguns reajustes após o movimento de greve iniciado há uma semana pelos sindicatos mais activos, os dos transportes públicos.

Para Cristina Semblano, autarca na região parisiense, o fim da greve está nas mãos do Governo, mas não será com estas propostas que vai fazer claudicar o movimento social.

01:02

Cristina Semblano, autarca na região parisiense

As propostas do Executivo

Édouard Philippe anunciou que a idade da reforma se vai manter nos 62 anos, com uma idade de equilíbrio aos 64 anos. No entanto haverá um incentivo para aqueles que optarem por deixar de trabalhar mais tarde.

A entrada em vigor do novo sistema universal, também foi outro dos temas abordados: até 2025 os cálculos para as pensões mantêm-se. A partir de 2025, haverá a supressão dos 42 sistemas específicos de pensões que existem no país.

O novo sistema universal de pensões em França vai abranger apenas as gerações nascidas a partir de 1975, anunciou hoje o primeiro-ministro francês. De notar que alguém que nasceu em 1975 terá uma pensão composta pelos dois sistemas.

"Esta reforma, esta refundação, não é uma  batalha", declarou, o Primeiro ministro, anunciando os detalhes da reforma.

01:29

Édouard Philippe, PM francês sobre reforma de pensões

"Esta reforma, esta refundação, não é uma  batalha. Oiço todos aqueles que andam à procura dum bode expiatório mas a verdade é que é um reflexo fácil no debate público e na vida pública.

"Oiço também as preocupações exprimidas há vários dias e eu as compreendo e digo aos franceses que se interrogam sobre o nosso projecto que não há nada a esconder, não estamos à procura de fazer poupanças aqui ou ali.

"Não queremos lesar ninguém, pelo contrário queremos proteger mais o poder de compra dos trabalhadores e dos pensionistas. Ninguem será estigmatizado e a pergunta não é de saber se o governo vai ter êxito, se certos sindicatos vão ganhar,  se outros vão perder, porque não haverá nem vencedor nem derrotado".

"A partir de agora, desejo, que os PCA's das empresas abram diálogo com os sindicatos. Parece-me que a garantia dada às populações que estão mais preocupadas justifica que seja relançado o diálogo e que a greve que penaliza milhões de franceses páre. Uma vez mais penso em todos aqueles que têm dificuldades com os transportes  e problemas com os jardins de infância, esses franceses existem, são os nossos concidadãos e penso muito neles."

Sistema que será implementado, não será controlado pelo Governo.

De referir que o novo sistema que será implementado, por pontos, não será controlado pelo Governo. O cálculo desses pontos será realizado pelos parceiros sociais e controlado pela Assembleia Nacional.

Outro ponto apresentado: a pensão mínima de mil euros ficou também assegurada. Uma "revolução social", segundo o Primeiro-Ministro.

Quanto aos professores, o Primeiro-Ministro afirmou que os salários vão ser aumentados a partir do próximo verão e as suas pensões serão equivalentes a outros postos na função pública.

Por fim Édouard Philippe lançou farpas aos sindicatos que estão em greve: "O tempo do regime universal chegou e acabaram os sistemas especiais".

Greve é para continuar

O único sindicato que apoiava a reforma do Executivo de Édouard Philippe, a CFDT, retirou esse mesmo apoio depois das declarações do Primeiro-Ministro. Laurent Berger, líder da CFDT, afirmou que o Governo "ultrapassou uma linha vermelha", acrescentando que as medidas sociais apresentadas são "insuficientes".

Quanto aos outros sindicatos apelaram a um reforço da greve depois de se conhecer o plano detalhado do executivo.

Philippe Martinez, secretário-geral da CGT, um dos maiores sindicatos em França, deu conta da sua desilusão: "o Governo está a gozar connosco", afirmando novamente que o novo sistema de cálculo de pensões através de pontos será "injusto".

Os sindicatos prometem manifestações amanhã, 12 de dezembro e a 17 de dezembro, num protesto que pode arrastar-se até ao Natal.

De notar que a reforma do sistema de pensões vai começar a ser discutida na Assembleia Nacional a partir Fevereiro.

O primeiro-ministro francês não convenceu, aponta a delegada sindical portuguesa da CFDT de um banco português em Paris, Carmen Camp.

01:31

Delegada sindical portuguesa da CFDT, Carmen Camp

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