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Costa do Marfim/Crise política

Apesar da pressão, Laurent Gbagbo não reconhece a vitória de Ouattara

Na tarde desta terça-feira a diplomacia francesa chegou a informar que a saída de Gbagbo do governo era iminente, mas o presidente derrotado nas eleições de novembro passado rejeitou mais uma vez o pedido da França para entregar o poder a Alassane Outtara, candidato vencedor do pleito e reconhecido pela comunidade internacional.

As tropas da ONU e da França participam da ofensiva para combater as forças leais a Laurent Gbabgo.
As tropas da ONU e da França participam da ofensiva para combater as forças leais a Laurent Gbabgo. Reuters/ECPAD/Blanchet
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Em entrevista concedida à um canal de televisão francês nesta terça-feira, o ex-presidente disse que não vai reconhecer a vitória de Outtara. "Eu acho um absurdo que a vida de um país seja decidida como em um jogo de poker das capitais estrangeiras", disse ele em resposta aos líderes ocidentais, que reconheceram a vitória de seu rival na eleições presidenciais de novembro.

Na noite desta terça-feira os combates entre os partidários de Gbagbo e Outtara diminuíram, mesmo se tiros esporádicos continuavam sendo ouvidos nas ruas de Abidjan, a capital econômica do país.

Residência de Gbagbo foi cercada

A residência de Gbagbo em Abidjan foi atacada por combatentes de seu rival político Alassane Ouattara, eleito nas eleições presidenciais de novembro e reconhecido pela comunidade internacional. O chefe do exército comandado por Ouattara anunciou ter interrompido os combates e pediu um cessar-fogo.

Após vários dias de combates de artilharia pesada, que teria feito "dezenas de mortos", segundo a ONU, os últimos redutos de Laurent Gbagbo estão na mira das forças de Ouattara que lançaram uma “batalha final” para a conquista do poder, um dia após o início da ofensiva militar comandada pela França e pela ONU.

A “batalha final” deve representar o fim de uma crise pós-eleitoral que em cerca de 4 meses quase levou o país a uma guerra civil.

“O presidente Gbagbo está em sua residência com sua família, membros de seu governo e de seu gabinete. A residência está sendo atacada”, anunciou o ministro das Relações Exteriores Alcide Djédjé, que esteve presente na casa do embaixador francês no país.

O ministro informou ter ido à residência oficial “a pedido de Gbagbo para negociar um cessar-fogo”, oito dias após uma ofensiva das forças pró-Ouattara que partiram do norte em direção ao sul do país e Abidjan.

O Chefe dos Estado-Maior do exército leal à Laurent Gbagbo, o general Philippe Mangou, declarou à agência de notícias AFP que suas tropas tinham “pedido ao comando geral da ONUCI ( a missão da ONU) um cessar-fogo". "Nós pedimos o fim dos combates", acrescentou.

Segundo o porta-voz da Onuci, Hamadoun Touré, Laurent Gbagbo estaria “acuado” juntamente com um grupo de aliados em sua residência em Abidjan. Na manhã de terça-feira, o porta-voz do governo Gbagbo, Ahoua Don Mello, afirmou que para ele não "era o momento" de optar por uma renúncia.

O conflito na Costa do Marfim ganhou outra dimensão com a ofensiva militar das forças francesas da missão Licorne e da ONU que bombardearam instalações militares e barreiras nas proximadades do palácio presidencial e da residência de Laurent Gbagbo.

Segundo o ministério francês das Relações Exteriores, o objetivo das operações militares da França na Costa do Marfim é ajudar a Onuci a “neutralizar a artilharia pesada detidas pelas forças leais a Laurent Gbagbo. "A intervenção da França vai terminar assim que a missão da Onuci for cumprida", anunciou o ministério.

O presidente em exercício da União Africana, Teodoro Obiang Nguema, chefe de estado da Guiné Equatorial, condenou nesta terça-feira em Genebra a intervenção da Onu e da França na Costa do Marfim. A Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, disse estar “estudando” a ofensiva militar francesa e da Onuci.

O Alto Comissariado da ONU para os direitos humanos afirma que os combates em Abidjan deixaram "dezenas de mortos".  “A situação humanitária se deteriorou e é absolutamente dramática em Abidjan” afirmou a porta-voz do Escritório de coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, Elisabeth Byrs.

"A maioria dos hospitais não funciona, há falta de oxigênio... quanto às ambulâncias, elas não funcionam também, e quando estão em operação, são alvos de tiros”, explicou.
 

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