A Primavera Árabe está em perigo, avalia a imprensa
A primavera árabe está em perigo. Esse é o tom dos jornais franceses nas edições desta segunda-feira. No Egito e na Tunísia, a instabilidade política voltou a ser notícia. No Libération, logo na capa, o jornal se questiona sobre os rumos desse "segundo ato" das revoltas populares nesses dois países.
Publicado a: Modificado a:
O Libération mostra grande preocupação com a situação na região. No editorial, o jornal fala de "fracasso". Para o Libé, seria ingênuo esperar que, depois de décadas de um regime ditatorial e autoritário, o Egito conseguisse, em alguns meses após a queda de Hosni Mubarak, aprender o exercício da democracia.
O jornal também avalia que a comunidade internacional fez vistas grossas para a guinada islâmica de Mohamed Mursi. Resultado: agora tem que apoiar, ainda que não abertamente, os militares no poder. Mas o jornal alerta que sem um diálogo com a Irmandade Muçulmana, não será possível assegurar uma transição política.
O jornal conservador Le Figaro chega a falar em "guerra civil no Egito" para caracterizar a situação no país. O diário destaca o final de semana sangrento que terminou com a morte de 74 pessoas ligadas a movimentos islâmicos em apenas uma noite. Esse foi o episódio mais violento desde a queda de Moubarak em 2011. No entanto, diz o jornal, essa repressão violenta parece não desanimar os partidários do presidente deposto Mohamed Mursi, o que só deve aumentar a tensão no país.
Sobre a Tunísia, o jornal destaca o boicote de vários deputados à Assembleia Nacional Constituinte. Esses opositores acusam essa assembleia de ser ilegítima. O jornal comunista L'Humanité sintetiza a opinião desses deputados tunisianos com a manchete: "Caia fora"! Para o jornal, a maioria do povo da Tunísia quer que o governo islâmico deixe o poder.
Essa revolta e a insatisfação com o governo atual aumentou ainda mais, lembra o L'Humanité, com o assassinato na semana passada de Mohamed Brahimi, deputado da oposição. Em entrevista ao jornal, um membro da Frente Popular, movimento de oposição, acusa o governo de ser o responsável pelo assassinato do deputado Brahimi e também de outro político da oposição neste ano. A Frente Popular promete continuar protestanto junto com seus aliados até a queda do governo.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro