Jornais lamentam impotência dos ocidentais diante do conflito sírio
O conflito na Síria ocupa novamente as manchetes do principais jornais franceses nesta sexta-feira, 23 de agosto de 2013. Os diários criticam a inação da comunidade internacional diante das suspeitas de ataque químico contra civis.
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Em sua manchete o jornal Libération fala em "impunidade". O editorial desse diário progressista afirma que todos os indícios apontam a reponsabilidade do governo sírio no massacre com armas químicas perpetrado em Goutha, na periferia de Damasco, na última quarta-feira.
Libération diz ainda que o regime de Damasco conta com a "apatia das reações internacionais", encorajado "pelos crimes que permanecem sem sanções cometidos por seus novos amigos, os generais egípcios".
Em uma linguagem forte e indignada, o jornal diz que o uso de armas químicas, apresentado por Barack Obama há um ano como uma linha vermelha que não poderia ser ultrapassada, não modificou a atitude dos americanos em relação ao conflito na Síria.
"Essa indiferença do mundo só reforça o campo mais extremo e islamita da oposição, um pretexto fácil à inação ocidental. Mas ninguém pode dizer que não viu as crianças mortas em Goutha", conclui o editorial de Libération.
Avanço
A manchete do jornal conservador Le Figaro tem outro tom: "A operação antiAssad começou". O jornal diz que, de acordo com as informações que recolheu, opositores do regime coordenados por tropas jordanianas, israelenses e americanas estariam avançando em direção a Damasco desde meados de agosto.
"Essa ofensiva poderia explicar o possível recurso do presidente sírio às armas químicas", analisa Le Figaro.
"O insuportável ataque químico na Síria e a paralisia internacional que ele suscitou mostram até que ponto as potências ocidentais perderam toda a influência sobre os acontecimentos no Oriente Médio", lamenta Le Figaro, dizendo que é impossível não se sentir em parte responsável pelo que aconteceu em Damasco.
O jornal afirma que as reações internacionais aos eventos na Síria e no Egito mostram a "incoerência ocidental".
Esquerda
Um outro tema que ganha destaque nos jornais de hoje é o encontro anual do Partido Socialista em La Rochelle, no litoral oeste da França. Le Figaro, sempre muito crítico em relação aos socialistas, afirma que a direção do partido teme que o encontro se transforme num confronto entre as diferentes correntes.
O jornal comunista L'Humanité lembra que neste final de semana não são só os socialistas que se reúnem para debater sobre seus projetos para a França, mas também os ecologistas e os militantes da Frente de Esquerda.
Os temas que devem provocar mais polêmica nessas discussões são a reforma da aposentadoria, as escolhas orçamentárias do governo e as eleições municipais e europeias marcadas para o primeiro semestre de 2014.
Libération aponta que a união dos partidos de esquerda foi o grande trunfo de François Hollande para vencer Nicolas Sarkozy no segundo turno das eleições de 2012. Mas um ano depois os antigos aliados já estão se desentendendo.
Para o diário progressista, esse final de semana é uma oportunidade para os representantes desses partidos tentarem chegar a um acordo, porque sem união a esquerda vai ficar em desvantagem nas próximas campanhas eleitorais.
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