Antes de reunião pela paz na Síria, relatório acusa Damasco de “massacre em escala industrial”
Na véspera do início da reunião Genebra 2 de paz para a Síria, em Montreux, um relatório de ex-procuradores internacionais acusa Damasco de realizar massacres em grande escala e torturas. Baseado no testemunho e de fotos fornecidas por um desertor, o documento foi divulgado nesta terça-feira (21) pelos sites do jornal britânico The Guardian e da rede americana CNN.
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O relatório foi encomendado pelo Catar, que apoia os rebeldes sírios. Três ex-procuradores internacionais ficaram a cargo da redação do texto. A fonte, mantida em anonimato, denuncia a morte de 11 mil detentos, com base em cerca de 55 mil fotos feitas entre março de 2011 e agosto de 2013. As imagens fornecidas pelo ex-policial militar sírio foram analisadas por especialistas em medicina legal apontados por representantes do Qatar.
Negociações
O encontro na Suíça reúne pela primeira vez a oposição e o regime de Damasco diante das grandes potências para discutir o sangrento conflito sírio. Pressionada, a ONU retirou convite de participação ao governo iraniano, aliado regional do presidente sírio, Bashar al-Assad. A decisão trouxe de volta à mesa de negociações a Coalizão Nacional de Oposição síria, que havia ameaçado boicotar a conferência se Teerã participasse do encontro.
A ONU se justificou dizendo que o Irã se recusa a apoiar um governo de transição como prevê a "Declaração de Genebra" assinada pelas grandes potências em 2012. Teerã havia dito que participaria do encontro sem precondições definidas. Os negociadores sírios chegaram com grande atraso à Suíça na noite de terça, após horas retidos em escala em Atenas.
Irã vetado
O vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghini, estima que sem o Irã as chances de pôr fim ao conflito "não são tão grandes". Para ele, uma solução global que não inclua todas as partes influentes dificilmente será encontrada.
A Rússia considera um "erro", mas não uma "catástrofe", a decisão da ONU de retirar o convite ao Irã. A afirmação foi feita pelo chanceler Serguei Lavrov, em Moscou. Segundo ele, a Rússia sempre defendeu a presença de todos os atores externos nas discussões.
França, Estados Unidos e Grã-Bretanha condicionaram a participação do Irã na conferência Genebra 2 ao apoio do país a um processo de transição política na Síria.
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