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Genebra 2/Síria

Troca de acusações marca primeiro dia de Genebra 2, pela paz na Síria

Terminou nesta quarta-feira (22) em Montreux, na Suíça, o primeiro dia da Conferência para a Síria, chamada de Genebra 2. O dia foi marcado pela tensão entre os representantes do governo de Damasco e a oposição, que se reúnem pela primeira vez desde o início dos conflitos, em 2011. Os participantes trocaram acusações. Ficou também clara a falta de consenso a respeito do destino do presidente Bachar al-Assad.  

O chefe da diplomacia síria, Walid al-Moualem (à esquerda), no primeiro dia da Conferência pela paz na Síria em Montreux, na Suíça.
O chefe da diplomacia síria, Walid al-Moualem (à esquerda), no primeiro dia da Conferência pela paz na Síria em Montreux, na Suíça. REUTERS/Gary Cameron
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O chefe da diplomacia síria Walid al-Moualem classificou os rebeldes como “traidores” e “terroristas”. “Eles pretendem representar o povo sírio”, desdenhou o diplomata. “Se vocês querem falar em nome dos sírios, vocês não deveriam ser traidores, agentes dos inimigos do povo sírio”, declarou, dirigindo-se à delegação da oposição ao regime do presidente Bashar al-Assad.

“Eles pretendem representar o povo sírio”, desdenhou o diplomata. “Se vocês querem falar em nome dos sírios, vocês não deveriam ser traidores, agentes dos inimigos do povo sírio”, declarou, dirigindo-se à delegação da oposição ao regime do presidente Bashar al-Assad.

Desde o início da guerra no país, há três anos, Damasco acusa os rebeldes de terroristas e se recusa a reconhecer o movimento de contestação. “Onde estão suas ideias e seus programas, além do objetivo de formar grupos terroristas armados?”, continuou, al-Moualem, apelando aos participantes de Genebra 2 a lutar contra o extremismo.

Bashar al-Assad afirmou no último domingo que a luta contra o terrorismo deve ser a prioridade da conferência, enquanto a oposição aceitou participar do encontro na esperança da assinatura de um acordo que prevê a saída de Assad do poder – uma hipótese categoricamente recusada hoje pela delegação síria em Montreux.

“Bashar al-Assad não deixará o governo”, insistiu o ministro sírio da Informação, Omrane al-Zohbi. Em seguida, diante dos jornalistas, pediu que o mundo inteiro ajude o regime a combater o extremismo, referindo-se aos rebeldes.

O clima esquentou depois do discurso desafiador do secretário de Estado americano, John Kerry, hoje de manhã, durante a abertura de Genebra 2. Ele descartou qualquer possibilidade que Assad integre o esperado governo de transição na Síria. “Não é possível que um homem que optou por uma resposta brutal contra seu próprio povo possa reencontrar legitimidade para governar”, protestou.

O representante da diplomacia síria não se conteve ao responder ao americano. “Senhor Kerry, ninguém no mundo tem o direito de conceder ou retirar a legitimidade do presidente, salvo os próprios sírios”, frisou al-Moualem.

Repreendido por ultrapassar o tempo de discurso permitido em 20 minutos, o chefe da diplomacia síria continuava a falar, apesar do som insistente de uma buzina que indicava o desrespeito da regra de 35 minutos de fala para cada representante. Após ser repreendido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, al-Moualem atacou: “Vocês vivem em Nova York e eu na Síria. Eu tenho direito de dar a versão de meu país aqui diante deste fórum”, disse.

Oposição exige saída de Assad

Mais sóbrio, o chefe da Coalizão Nacional de Oposição síria, Ahmad Jarba, falou logo em seguida à delegação do regime. Ele pediu em seu discurso que o atual regime repasse o quanto antes o poder a um governo de transição. “Eu peço [à delegação do governo] que assine imediatamente o documento de Genebra 1, transferindo todos os poderes de Assad, inclusive o executivo, do exército e da segurança, a um governo de transição”, exigiu.

Jarba foi inflexível quanto à saída do presidente sírio, uma condição para que a oposição participasse da conferência. “Se Assad continuar no poder, sob qualquer condição, significa que Genebra 2 desvia de sua trajetória”, frisou. O governo, sem o atual presidente, deverá criar os primeiros fundamentos para uma “nova Síria”, reiterou o líder da oposição.

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