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Ucrânia/Crise

Parlamento da Ucrânia destitui Yanukovitch e anuncia eleições

O parlamento ucraniano, reunido em sessão extraordinária, aprovou neste sábado (22) a destituição do presidente Viktor Yanoukovitch e convocou eleições antecipadas para 25 de maio, estimando que o chefe de Estado “não cumpre mais suas funções”. Horas antes, o presidente denunciou um “golpe de Estado” e se recusou a pedir demissão. Os deputados também aprovaram a libertação da opositora Iúlia Timochenko, que deixou a prisão horas depois. 

REUTERS/Vasily Fedosenko
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"O país assiste a um golpe de Estado. Eu não tenho intenção de pedir demissão. Sou um presidente eleito de maneira legítima”, declarou Yanukovitch em Karkhiv, interior da Ucrânia. “Não vou deixar o país”, acrescentou o presidente prometendo ainda “fazer de tudo para evitar um banho de sangue”. A declaração é uma referência aos confrontos registrados durante a semana que deixaram cerca de 80 mortos.

Em nota, o exército ucraniano afirmou que não pretende se envolver no conflito entre governo e oposição.

No parlamento, em Kiev, os deputados votaram um texto pedindo a libertação imediata da opositora e ex-chefe de governo Iúlia Timochenko, símbolo da “revolução laranja” de 2004. “Iúlia, estamos te esperando”, gritaram centenas de partidários da ex-primeira-ministra em frente ao hospital onde ela estava internada, perto do centro penitenciário de Karkhiv. Ela deixou a prisão horas depois. 

Mudanças no parlamento e governo

Dois aliados de Timochenko foram designados respectivamente para assumir o Parlamento e o ministério do Interior. “Nosso principal objetivo é de retomar o funcionamento das instituições. O parlamento me encarregou de coordenar a atividade do governo e estabilizar a situação (do país)”, declarou o novo presidente do Parlamento, Olexandre Tourtchinov, durante coletiva de imprensa após ser eleito.

Em um comunicado divulgado no site do ministério do Interior, a polícia afirmou ter se posicionado “ao lado do povo” e dividir as aspirações de “mudanças rápidas”.

O presidente Yanukovicht se encontra em Karkhiv, cidade industrial onde é realizado um congresso reunindo líderes políticos da região leste do país, considerada pró-Rússia. Eles questionaram a legitimidade do parlamento ucraniano, estimando que os deputados trabalham atualmente sob “ameaça de armas”. “A integridade territorial e a segurança da Ucrânia estão ameaçadas”, disseram os líderes durante o congresso.

Na abertura do encontro, o governador da região de Kharkiv disse ter organizado o congresso, que reúne 4 mil delegados, com o objetivo de evitar um banho de sangue nas diversas regiões ucranianas.

Na periferia de Kiev, jornalistas entraram sem serem barrados na residência do presidente Yanukovicht, normalmente protegida por um forte esquema de segurança. No centro da capital, manifestantes puderam invadir a sede da presidência.

Reações

Neste sábado, o governo russo denunciou a atitude da oposição ucraniana após o acordo, mediado pelos europeus, concluído na sexta-feira com o governo. O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, alertou para o risco de uma perda de soberania da Ucrânia.

“A oposição não apenas não cumpriu com qualquer uma de suas obrigações como faz novas exigências, submetendo-se aos extremistas armados cujos atos constituem uma ameaça direta à soberania e à ordem institucional na Ucrânia”, afirmou o chanceler em um comunicado.

 

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