Vitória do "sim" na Crimeia é fracasso para a Europa
A vitória esmagadora do “sim” em favor da anexação da Crimeia à Rússia não foi uma surpresa, mas, para a imprensa francesa, o futuro da região “que se joga nos braços de Moscou” é uma incógnita e um fracasso para a Europa.
Publicado a:
O jornal Libération coloca o referendo da Crimeia na capa, mas enfatiza a situação da minoria tártara, que representa 15% da população, e que boicotou essa votação de ontem.
A relação entre os tártaros e a Rússia são complicadas há muito tempo, escreve o jornal. Em 1944, durante o governo de Stálin, essa minoria foi deportada da Crimeia para a Ásia Central. Esse êxodo forçado foi uma punição. O regime soviético acusou os tártaros de terem colaborado com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Por isso, explica o Libération, essa parte da população teme essa anexação à Rússia e teme ficar nas mãos de Vladimir Putin.
O presidente russo é, aliás, o grande protagonista desse referendo. No seu editorial, o Libération diz que o resultado dessa votação é uma vitória para Putin e um fracasso duplo para a Europa. Primeiro porque a União Europeia não conseguiu responder de forma eficaz à crise na Ucrânia. E, em segundo lugar, porque o bloco não consegue nem ao menos chegar a um consenso sobre as sanções a serem aplicadas contra a Rússia.
Ilegitimidade
O jornal Le Figaro noticia que, em resposta a esse referendo, a União Europeia e os Estados Unidos prometem sanções duras contra as autoridades russas e contra as autoridades ucranianas pró-russas que apoiam a anexação da Crimeia à Rússia.
Para os líderes europeus e americanos, o resultado dessa consulta popular é uma "aberração" e fere o direito internacional, informa a reportagem do Le Figaro. O jornal destaca, porém, que a maioria da população da Crimeia se sente realmente russa. Prova disso, avalia o diário conservador, é que mesmo após o fim da União Soviética em 1991, grande parte dos habitantes da Crimeia continuou a usar o russo como língua oficial e não se interessou em aprender a língua ucraniana.
Poluição
O jornal Aujourd'hui en France noticia na manchete que o governo francês pretende instalar pontos de recarga para baterias de carros elétricos nas estradas de todo o país até os próximos três anos. Essa é a resposta à preocupação crescente com a qualidade do ar nas grandes cidades francesas.
O projeto ambicioso vai custar 1 bilhão de euros (mais de R$ 3 bilhões).Os detalhes desse grande projeto, sobre quem será o parceiro da iniciativa privada, por exemplo, ainda não são conhecidos.
Enquanto essa solução de longo prazo não é colocada em prática, a partir desta segunda-feira um rodízio de veículos foi instalado em Paris e nas cidades vizinhas. A medida vai durar enquanto o nível de partículas poluentes no ar permanecer elevado. Mas o sistema, que já foi testado também em caráter de urgência em 97, gera críticas.
Para os ecologistas ouvidos pelo jornal La Croix, essa medida chega tarde demais. Já para a associação dos direitos dos motoristas, ela só vai gerar confusão e não vai ajudar o meio ambiente. O jornal lembra, porém, que, em 97, o rodízio de veículos reduziu em 15% a emissão de dióxido de azoto na capital francesa. O dióxido de azoto é um dos agentes responsáveis pelas temidas chuvas ácidas.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro