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França/Política

Jornais analisam dissidência no governo socialista

Neste final de semana, o ministro da Economia, Arnaud Montebourg, e o da Educação, Benoît Hamon, criticaram a política econômica do executivo. A imprensa analisou esse movimento de rebelião dentro da equipe de François Hollande - mas os diários não esperavam que a resposta do executivo viesse tão rápido. Na manhã desta segunda-feira (25), o primeiro-ministro, Manuel Valls, foi encarregado de formar uma nova equipe ministerial.

Benoît Hamon, ministro da Educação (à esq.), e Arnaud Montebourg, ministro da Economia, criticaram duramente a política econômica do governo socialista neste domingo (24) em Frangy-en-Bresse.
Benoît Hamon, ministro da Educação (à esq.), e Arnaud Montebourg, ministro da Economia, criticaram duramente a política econômica do governo socialista neste domingo (24) em Frangy-en-Bresse. AFP / JEFF PACHOUD
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Em seu editoral, Libération lembra que, na esquerda, todo mundo gostaria de uma política mais social. "A austeridade orçamentária é dolorosa e a ajuda às empresas incomoda parte da opinião pública", explica o jornal progressista, dizendo que provavemente o próprio Hollande preferiria estimular o crescimento ao invés de prolongar a austeridade.

A reorientação exigida pelos ministros Montebourg e Hamon consistiria, na prática, em "distribuir poder de compra libertando-se das diretrizes europeias". Mas o governo não pode fazer isso com uma dívida externa recorde. A única solução, segundo Libération, seria "um revisão radical da política da União Europeia". Todos os integrantes do Partido Socialista concordam com isso. No fim das contas, conclui o diário, as declarações dos ministros dissidentes pedindo uma nova política europeia poderiam beneficiar Hollande.

Coerência

Para o conservador Le Figaro, as declarações do ministro da Economia levantam dois problemas. O primeiro é o da "coerência da política governamental", que segundo o jornal está fazendo falta há dois anos.

O segundo diz respeito ao crédito da França: "Como confiar em um país superendividado que não quer dar prioridade absoluta à redução de seus déficits?", pergunta Le Figaro em seu editorial. "Qualquer que seja o custo político, François Hollande não deveria tolerar essa desordem por mais tempo", conclui o jornal.

A crise no governo francês também é a manchete do tabloide popular Aujourd'hui en France. O jornal afirma que é a autoridade do primeiro-ministro, Manuel Valls, que está em jogo diante das críticas do ministro da Economia. Entre as ambições de algumas personalidades, que estariam tentando chamar a atenção poucos dias antes do congresso anual do Partido Socialista, e a impotência dos líderes, o governo estaria se fissurando, de acordo com Aujourd'hui en France.

"Sob o fogo das críticas, o executivo é obrigado a agir o mais rápido possível", diz o título de Les Echos sobre esse caso. O jornal especializado em economia afirma que a extensão do desacordo de dois dos principais ministros do governo pegou o premiê francês de surpresa. E isso, bem no momento em que o nível de popularidade de François Hollande e Manuel Valls está em queda.

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