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Guiné-Bissau

Diáspora guineense mobilizada em Bruxelas contra autoridades de Bissau

A diáspora guineense proveniente de países como Luxemburgo, França, Alemanha, Reino Unido, da Península Ibérica, protestou hoje em Bruxelas perante as instituições europeias para denunciar a suposta inconstitucionalidade das autoridades actuais de Bissau.

Manifestação da diáspora guineense em Bruxelas a 23 de Julho de 2020.
Manifestação da diáspora guineense em Bruxelas a 23 de Julho de 2020. © Cortesia Flávio Baticã Ferreira
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De acordo com a organização terão convergido para Bruxelas, sede das instituições europeias, mais de mil representantes da diáspora guineense no velho continente.

Estes estão inconformados com o facto de se ter reconhecido Umaro Sissoco Embaló, que assumiu o poder em Fevereiro passado, e que foi, posteriormente, reconhecido pela CEDEAO, a Comunidade económica dos Estados da África ocidental.

E isto não obstante continuar de pé perante o Supremo Tribunal de Justiça, nas suas vestes de Tribunal Constucional, um contencioso submetido pelo suposto derrotado das eleições de Dezembro passado, Domingos Simões Pereira, candidato do PAIGC.

Os manifestantes apelavam ao respeito da "legalidade", utilizando slogans como "golpe de Estado" ou "Governo narco-golpista" e declaravam-se indignados com a atitude dos europeus nesta contenda denunciando o papel que consideram dúbio de algumas potências regionais, caso do Senegal, Níger, Nigéria e Gâmbia.

Flávio Baticã Ferreira explica o porquê da luta dos emigrantes guineenses na Europa.

"Desde Março que enviámos diferentes cartas para a Comissão europeia, para o Conselho europeu e para o Parlamento Europeu. Onde nos responderam a dizer que nunca a União Europeia reconheceria o Umaro Sissoco Embaló enquanto presidente da república enquanto o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau não resolvesse o contencioso eleitoral.

Quem financia essa força da CEDEAO [estacionada desde 2012] é a própria União Europeia. E a UE não pode continuar a financiar uma força que não consegue resolver o problema do país.

A Guiné-Bissau tornou-se num campo de ensaio das potências regionais. O problema é que hoje, praticamente, a Guiné-Bissau não é um Estado soberano. É dirigido, de longe, através do Senegal, do Níger, da Nigéria e da própria Gâmbia".

Interrogado sobre se, após a CEDEAO, mediadora para o país, ter reconhecido as novas autoridades de Bissau, não seria normal que a União Europeia tomasse idêntica posição Flávio Baticã Ferreira descartou tal cenário afirmando que "não é normal por saber que há um contencioso eleitoral na Guiné-Bissau" e "devem ajudar a reforçar as instituições democráticas dos Estados membros, não a substituí-las".

01:17

Flávio Baticã Ferreira, organizador principal do protesto da diáspora guineense em Bruxelas, razões da manifestação

Flávio Baticã Ferreira, organizador principal do protesto, afirmava-se muito satisfeito com a adesão ao movimento, entre quarta e quinta-feira 3 dirigentes do movimento devem voltar a Bruxelas com a perspectiva de se avistarem com o chefe da diplomacia Josep Borrell.

O protesto de hoje passou pela entrega de um documento às autoridades dos 27 acerca da situação política guineense.

"Fiquei muito satisfeito. A polícia nos disse que temos mais de 1 000 pessoas, o guineense da diáspora tem cada vez mais consciência de que tem que agir em defesa do seu próprio país".

"Esperamos que na próxima quarta ou quinta-feira que [Borrell] nos possa receber para podermos explicar o que se passa na Guiné-Bissau e a posição que a diáspora pretende que a União Europeia, enquanto parceiro principal da União Africana, deve exercer no conflito guineense."

01:13

Flávio Baticã Ferreira, organizador principal do protesto da diáspora guineense em Bruxelas: e a seguir ?

 

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