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Guiné-Bissau/França

Passaportes à venda em Paris: Governo guineense assume gravidade das denúncias

O Ministério guineense dos negócios estrangeiros divulgou uma nota à imprensa nesta quarta-feira 9 de Junho qualificando como grave a notícia veiculada pelo diário francês Libération relatando uma suposta quadrilha de venda em Paris de passaportes diplomáticos da Guiné-Bissau.

Suzi Barbosa, chefe da delegação da Guiné-Bissau, acolhida na Cimeira da União Africana a 9 de Fevereiro de 2020 em Addis Abeba.
Suzi Barbosa, chefe da delegação da Guiné-Bissau, acolhida na Cimeira da União Africana a 9 de Fevereiro de 2020 em Addis Abeba. RFI/Miguel Martins
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O documento, assinado pelo embaixador Cândido Barbosa, da Direcção Geral dos Assuntos Jurídicos e Consulares do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e das Comunidades da Guiné-Bissau, descarta responsabilidades nos factos denunciados pelo diário Libération.

A nota de imprensa realça o facto de os elementos denunciados pelo jornal se referirem ao ano de 2017 ou no período entre Fevereiro e Maio de 2018.

As autoridades guineenses enfatizam a "pertinência das medidas tomadas pelo actual governo" suspendendo as candidaturas a cônsul honorário por um ano até à aprovação do actual Regulamento consular.

Bissau lembra que o lançamento a 4 de Junho de uma nova gama de passaportes reforça a credibilidade do documento e afirma que a mudança da cor da capa se inscreve nos seus esforços de "controlo na emissão dos passaportes diplomáticos e de serviço".

O governo guineense garante estar a "acompanhar com atenção os esforços das autoridades da República Francesa, no sentido do apuramento cabal" da notícia.

A partir de Janeiro de 2023 só devem circular os novos passaportes ordinários, de serviço, diplomáticos e especiais oferecendo maior segurança e com a mênção à Comunidade económica dos Estados da África Ocidental.

O jornalista Laurent Berger do Libération comentou à rfi as condições da investigação realçando o facto de não haver controlo quanto a nomeações para as delegações junto da UNESCO, em Paris (a Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura), a serem submetidas pelos países, no caso pela Guiné-Bissau.

A organização terá confirmado ao diário em causa que nenhum dos nomes investigados estava acreditado junto da UNESCO por parte da Guiné-Bissau.

Passaportes diplomáticos guineenses teriam sido vendidos em Paris por, em média, 50 000 euros pagos em numerário, um valor que podia ascender a 200 000 euros.

Por detrás do negócio, instalado perto dos Campos Elíseos, estaria um empresário maliano através de um filho de um antigo presidente guineense, não identificado.

Ouça aqui a correspondência de Mussá Baldé, o nosso correspondente.

01:17

Correspondência da Guiné-Bissau, 10/6/2021

O politólogo e docente universitário Armando Lona considera ser "urgente tomar medidas" por forma a avançar com "uma investigação com vista a perceber quem está por detrás da rede de contrabando de passaportes guineenses em Paris".

"O que é que já foi feito para assegurar a segurança da emissão dos passaportes?", questionou Armando Lona. "A outra questão tem que ver com a obtenção de passaporte por cidadãos estrangeiros. A investigação do Libération traz à luz uma rede de contrabando de passaportes da Guiné-Bissau em Paris. É urgente abrir inquérito para apurar responsabilidades e perceber quem está por detrás dessa rede", afirmou.

00:51

Politólogo e docente universitário guineense, Armando Lona

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