Acesso ao principal conteúdo
Guiné-Bissau

Guiné-Bissau: padre ameaçado de morte por defender Bispo de Bissau no Facebook

O padre Augusto Mutna Tambá foi alvo de ameaças de morte depois de ter publicado uma carta aberta no Facebook onde defende o Bispo de Bissau, D. Lampra Cá .Por seu turno, o Bispo de Bissau criticou o Presidente da República após uma reunião convocada pelo primeiro-ministro com as várias confissões religiosas.

O Presidente da República da Guiné-Bissau Umaro Sissoco Embalo.
O Presidente da República da Guiné-Bissau Umaro Sissoco Embalo. REUTERS/Alberto Dabo
Publicidade

Após as ameças de morte, o padre Augusto Mutna Tambá diz que vai agora avançar com uma acção judicial.

AMT- Depois da minha publicação na minha página do Facebook, defendendo a posição do Bispo, à noite, um senhor mandou-me uma mensagem, (pessoa) que agora não quero revelar o nome, porque certamente mais tarde pretendo avançar com uma acção judicial. (Esse senhor) insultou, dizendo muitas coisas. Essa pessoa não levei em conta porque sei que são ataques banais.

Na manhã do dia seguinte, quase por volta das seis da manhã, estava ainda na cama, telefonou-me uma outra pessoa, perguntando se era eu. Eu disse que ‘sim, sou eu’. Depois simplesmente disse que ia fazer-me 'em pedaços. É só uma questão de minutos’.

Nem tive tempo para fazer um print da página dele. Depois de ter feito a chamada, bloqueou-me.

RFI- Existe alguma relação entre essas pessoas e a Presidência e o Governo do país?

AMT- Não quero conotar com a Presidência da República. Mas o que é certo é a reacção á carta e terem sido dirigidas a mim essas ameaças.

O padre Augusto Mutna Tambá diz que o Presidente da República nunca conseguirá calar a Igreja Católica na Guiné Bissau.

“AMT- Infelizmente da parte dele, o Presidente da República, proferiu palavras que não são abonatórias sobre uma declaração que o senhor Bispo fez após uma audiência com o primeiro-ministro que convocou os actuais líderes religiosos para uma auscultação sobre a situação do país.

Na saída desse encontro, o senhor Bispo, em nome dos outros religiosos, muçulmanos, evangélicos e da religião tradicional, proferiu umas palavras de aconselhamento, (na tentativa de) chamar toda a sociedade para a união e desenvolvimento do país. E o Presidente, por sua vez, entendeu que o bispo estava a fazer política. Até convidou o Bispo a inscrever-se num partido. Isto é demais. E nós não vamos aceitar isso nem hoje nem amanhã.

RFI- Como comentar em termos de democracia, um tipo de declarações destas?

AMT- Primeiramente podemos dizer que o Bispo é um cidadão. Tem opinião sobre o seu país que é a Guiné-Bissau. Agora, ninguém o pode fazer calar porque não gosta da intervenção do senhor Bispo. Então é preciso silenciar a Igreja.

Oiça aqui as declarações do padre Augusto Mutna Tambá:

01:05

Padre Augusto Mutna Tambá 1

Aliás, mesmo que tentem, não vão conseguir. Se os homens da Igreja se calarem, certamente as pedras irão falar.

RFI- Qual o ponto de situação em termos de liberdade religiosa?

AMT- Primeiramente é um país laico, e a convivência entre as religiões francamente é muito boa. Fazemos sempre todos os anos um momento de oração ecuménica e inter-religiosa.”

Oiça aqui as declarações do padre Augusto Mutna Tambá:

01:26

Padre Augusto Mutna Tambá 2

De referir que a Igreja Católica não se fez, entretanto, representar na sessão de cumprimentos de ano novo com o Presidente da República na Guiné-Bissau.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.