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Moçambique

"Nunca mais Moçambique voltará a ter medo de se manifestar"

O partido Nova Democracia, sem representação parlamentar, e constituído maioritariamente por jovens, organizou este sábado, 24 de Junho, uma marcha pela liberdade e pelo direito à manifestação em Maputo. "Trata-se de liberar a sociedade do medo. Nunca mais Moçambique voltará a ter medo de se manifestar", defende o líder do movimento político, Salomão Muchanga.

Marcha pela liberdade convocada pelo partido extra-parlamentar Nova Democracia, Maputo, 24 de Junho de 2023.
Marcha pela liberdade convocada pelo partido extra-parlamentar Nova Democracia, Maputo, 24 de Junho de 2023. © RFI/Lígia Anjos
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A marcha foi convocada por activistas e pelo movimento político Nova Democracia, no quadro das celebrações dos 48 anos de independência de Moçambique, que se assinalam este domingo. 

A estátua Eduardo Mondlane foi o ponto de encontro das cerca de 50 pessoas, que caminharam até à Praça da Independência. Jovens que entoaram hinos, ergueram cartazes para reclama mais liberdade, justiça e salários justos.

"Queremos viver num país independente, com o seu povo independente. Não podemos viver num país em que o país é independente e o povo dependente. Precisamos de ser livres, de poder manifestar e ter liberdade de expressão. No passado, houve eventos em que não nos podemos expressar livremente. Vivemos numa democracia, mas não parece", descreve Nuria Manhicana, estudante e activista social.

Três meses depois de Maputo ter vivido uma marcha violenta, marcada por violência entre manifestantes e forças policiais, a activista social acredita que as pessoas têm medo de sair à rua. "Há muita gente que quer manifestar e expressar a sua visão sobre as injustiças que se vivem neste país, mas as pessoas têm medo de sofrer represálias. As pessoas têm medo de aparecer, de dar a cara, inclusive a própria polícia que está aqui. Eles gostariam de se juntar a nós, mas não podem", acrescenta a activista.

O propósito da marcha foi libertar os moçambicanos do medo, sublinha o líder da nova democracia, Salomão Muchanga. "Nesta marcha, trata-se de liberar a sociedade do medo. Nunca mais Moçambique voltará a ter medo de se manifestar. Neste dia, estamos a conseguir marchar, estamos a conseguir manifestar e a libertar os cidadãos do medo", defende.

A marcha aconteceu quatro meses depois da repressão policial violenta de uma marcha em homenagem ao 'rapper' de intervenção social Azagaia. Na última marcha, a 18 de Março, foram registados vários feridos. O activista Inocêncio Manhique, perdeu um olho, alegadamente atingido por uma bala de borracha disparada pela polícia, também esteve presente hoje.

Apesar de ser vitima de um sistema que descreve como "opressivo", o activista não tem medo de sair à rua. "Sou vítima dos tiro e do gás lacrimogéneo da ditadura e da opressão nas quais o país tem mergulhado", condena o activista.

A pobreza, a falta de qualidade do ensino ou ainda os salários em atraso foram alguns dos motivos que levaram os manifestantes a sair para a rua.

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