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Israel/Autoridade Palestina

Ceticismo marca retomada de negociações entre Israel e palestinos

Em meio a um clima de tensão e ceticismo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deixou Jerusalém na tarde desta terça-feira em direção à Washington, nos Estados Unidos, onde vai participar da tentativa de retomada das discussões diretas com a Autoridade Palestina para a conclusão de um acordo de paz no Oriente Médio.

O premier israelense, Benjamin Netanyahu, participa da retomada das discussões de paz no Oriente Médio, nos Estados Unidos.
O premier israelense, Benjamin Netanyahu, participa da retomada das discussões de paz no Oriente Médio, nos Estados Unidos. REUTERS
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As conversas, que serão seguidas pelo presidente Barack Obama, pelo presidente do Egito, Hosni Moubarak, e pelo rei da Jordânia, Abdala II, vem sendo vistas com ceticismo pela comunidade e imprensa internacional, que se desdobra em enumerar os obstáculos que deverão ser superados tanto pelo premiê israelense, quanto pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, para a retomada do diálogo.

Entre os pontos polêmicos, está a espinhosa questão da colonização na Cisjordânia. Mahmoud Abbas já disse e repetiu que nem chega a negociar se Israel não se comprometer a congelar a construção de novos assentamentos judaicos nos territórios ocupados da Cisjordânia. Um compromisso que, até agora, não conseguiu obter do estado hebreu, apesar da pressão dos Estados Unidos.

No último domingo, um membro do governo israelense disse, sob anonimato à agência France Presse, que Benjamin Netanyahu não havia prometido aos Estados Unidos prorrogar a moratória para a construção de novos assentamentos, cujo prazo expira no dia 26 de setembro. A rádio militar israelense, aliás, chegou a anunciar que as construções de alojamentos já autorizados poderiam começar já a partir do dia 27 de setembro.

Outro ponto de embate são as condições prévias levantadas pelos dois líderes para recomeçar as conversas sobre um acordo de paz. Netanyahu considera essencial que Israel seja reconhecido como estado do povo judeu.

No último domingo, o premiê israelense afirmou que o reconhecimento excluiria "demandas suplementares". Uma alusão à reivindicação do "direito de retorno" dos refugiados palestinos que tiveram que deixar a região após a guerra de 1948.

O estado hebreu acredita que um retorno em massa desses refugiados e de seus descendentes, estimados hoje em cerca de 4 milhões de pessoas, colocaria em risco a identidade do estado de Israel. Ora, a questão do direito de retorno dos refugiados de 1948 é um ponto essencial para a Autoridade Palestina sentar à mesa de negociações.

O ex-ministro de Israel, Yossi Beilin, que participou das discussões para os acordos de paz de Oslo, de 1993, estimou, em entrevista publicada pelo jornal suíço Le Temps, "irresponsável" a atitude do presidente Barack Obama de "empurrar" Netanyahu e Abbas para a mesa de negociações.

Já o jornal Jerusalém Post estima que somente os Estados Unidos podem esperar obter um acordo de paz. "Imaginem um casamento arranjado, em que nem o noivo, nem a noiva têm vontade de se casar, e somente aceitam o acordo porque seus pais, de quem são dependentes, assim o exigem", afirma o jornal em seu editorial.

As negociações diretas estão marcadas para a próxima quinta-feira, 2 de setembro, mas Benjamin Netanyahu e Mahmoud Abbas já se reúnem para um jantar nesta quarta-feira.
 

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