Comunidade internacional prepara transição. Kadafi resiste.

A batalha de Trípoli continua e o regime de Kadafi resiste. Os rebeldes que ocuparam o centro da capital na segunda-feira encontram resistências de forças governamentais em vários bairros da cidade, principalmente em torno do complexo residencial do ditador. A comunidade internacional já se articula para apoiar o Conselho Nacional de Transição e iniciar a era pró-Kadafi.

Multidão em Bengazi saíram à rua para celebrar a tomada de Trípoli pelos rebeldes. REUTERS/Esam Al-Fetori

Na Líbia, um dos filhos de Kadafi, Saif al-Islam reaparece em público para anunciar que está tudo sob controle em Tripoli. REUTERS/Paul Hackett

Saif al-Islam, filho de Kadafi e seu sucessor político, apareceu na madrugada desta terça-feira para desmentir a informação de que tinha sido detido. Saif, de 39 anos, que também é porta-voz do regime, levou a bordo de um carro blindado vários jornalistas estrangeiros ao complexo residencial da família, em Bab Al-Aziziya, nos arredores de Trípoli.

Segundo ele, o regime ainda controla a capital e impôs importantes derrotas ao movimento rebelde. Saif é alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional que ontem chegou a anunciar a sua captura. Durante a noite, os rebeldes confirmaram que outro filho de Kadafi, Mohamed, está foragido, e não detido, como havia sido anunciado.

Estas informações contraditórias contribuem para reforçar o clima de confusão que se instalou na Líbia desde o início da ofensiva rebelde sobre Trípoli, no sábado. A segunda-feira foi de combates intensos em vários bairros da cidade e os rebeldes tomaram o controle da TV estatal que saiu do ar. Os opositores aguardam o reforço de combatentes de outras regiões para definir a melhor estratégia de conquistar definitivamente o poder e derrotar Muammar Kadafi.

Em entrevista na manhã desta terça-feira, o ministro francês da Defesa, Gérard Longuet, disse que o regime ainda resiste, e defende novas intervenções das forças da Otan para liquidar a capacidade de reação do ditador. O ministro francês garantiu não ter informações concretas sobre o paradeiro de Kadafi e não descartou a hipótese de que o líder líbio esteja escondido em seu complexo residencial em Bab Al-Aziziya.

Pós-Kadafi

No plano político, a comunidade internacional já trabalha intensamente na era pós-Kadafi. O secretário-geral da ONU convocou uma cúpula sobre a Líbia ainda para esta semana. Na próxima quinta-feira, o Grupo de Contato vai se reunir em Istambul e, na sexta-feira, Adis Abeba vai acolher um a reunião do Conselho de Paz e Segurança da União Africana.

A França, primeiro país a reconhecer o Conselho Nacional de Transição, órgão político do movimento rebelde, propôs sediar, na semana que vem, uma reunião do Grupo de Contato para definir um plano de ajuda aos futuros novos dirigentes do país. O presidente Nicolas Sarkozy conversou ontem, por telefone, com o primeiro-ministro do Conselho de Transição, Mahmoud Jibril, que foi convidado a vir a Paris nesta quarta-feira para discutir o futuro da Líbia.

Rússia e China que foram contrárias à intervenção militar na Líbia, defendem uma transição rápida de poder no país. O ministério russo das Relações Exteriores, espera uma transferência “iminente” do poder aos rebeldes para “por fim ao massacre entre os líbios”. Moscou espera também que um processo político seja adota logo após o fim dos confrontos.

A China, que possui interesses econômicos na Líbia, declarou na segunda-feira “respeitar a escolha do povo líbio”. O ministério chinês das Relações Exteriores declarou que “ a China espera um retorno rápido à estabilidade na Líbia”.