Relatório da ONU acusa exército sírio de torturar e executar crianças
Em seu relatório anual sobre a situação das crianças em conflitos armados, publicado nesta terça-feira, a ONU indica que a Síria é um dos países onde elas sofrem mais violências. O documento acusa o exército sírio de prender, torturar e executar crianças, além de usá-las como escudos humanos contra os rebeldes. Esse relatório foi redigido antes do massacre de Houla no final de maio, onde 49 das 108 pessoas mortas eram crianças.
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O relatório especifica que crianças a partir de nove anos de idade foram vítimas de assassinatos, mutilações, prisões arbitrárias, tortura e maus tratos, incluindo violências sexuais. O exército sírio transforma escolas em bases militares e centros de detenção.
"A maioria das crianças vítimas de torturas contam que foram espancadas, vendadas, obrigadas a permanecer em posições incômodas cansativas, chicoteadas com cabos elétricos, ameaçadas de queimaduras com cigarros e, em um caso, submetidas a choques elétricos nas partes genitais", detalha o documento.
Segundo a ONG americana Human Rights Watch, baseada em dados de um centro de documentação das violações de direitos cometidas na Síria, ao menos 1.176 crianças foram mortas desde o início da contestação em março de 2011. A organização também afirma ter recolhido testemunhos indicando que grupos de opositores armados, incluindo o Exército Sírio Livre, utlizam crianças como soldados.
Ofensiva
Depois do alarme lançado ontem por Kofi Annan, emissário especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, a ONU e os Estados Unidos também se declaram preocupados com a intensificação da violência no país e com o risco de um novo massacre de civis.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, exigiu nesta segunda-feira que a ONU tenha acesso à cidade síria de Haffa, onde o exército usa morteiros, tanques e helicópteros contra os rebeldes. A comunidade internacional temem que a cidade seja palco de um novo massacre.
Ban Ki-Moon denunciou o aumento da violência na Síria, uma consequência de ofensivas lançadas pelo exército contra áreas civis e de ataques coordenados conduzidos pelos rebeldes contra forças do governo.
Ele condenou em particular "o bombardeio de centros de população e os ataques contra infra-estruturas civis realizados por todas as partes".
Ban Ki-Moon também pediu que todos os países que tenham influência sobre qualquer uma das partes em conflito tentem persuadi-las a acabar com os confrontos.
A missão de observadores da ONU na Síria expressou sua preocupação com a intensificação da violência na cidade de Homs, no centro do país, e informou que está negociando a retirada dos civis.
Nesta segunda-feira, o departamento de Estado americano se declarou preocupado com a possibilidade de o governo sírio estar preparando um novo massacre em Haffa e fez questão de lembrar aos oficiais do exército sírio que a comunidade internacional tem instrumentos para descobrir e julgar os responsáveis por crimes contra a humanidade.
Na Síria, as tropas fieis ao presidente Bashar al-Assad continuam a ofensiva contra vários centros da contestação e ao menos dez pessoas já morreram vítimas dos bombardeios nesta terça-feira.
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