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Síria / Violências

Relatório da ONU acusa exército sírio de torturar e executar crianças

Em seu relatório anual sobre a situação das crianças em conflitos armados, publicado nesta terça-feira, a ONU indica que a Síria é um dos países onde elas sofrem mais violências. O documento acusa o exército sírio de prender, torturar e executar crianças, além de usá-las como escudos humanos contra os rebeldes. Esse relatório foi redigido antes do massacre de Houla no final de maio, onde 49 das 108 pessoas mortas eram crianças.

Crianças participam de manifestação contra o presidente Bashar al-Assad perto da cidade de Idleb, na última sexta-feira (08.06.12).
Crianças participam de manifestação contra o presidente Bashar al-Assad perto da cidade de Idleb, na última sexta-feira (08.06.12). Reuters
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O relatório especifica que crianças a partir de nove anos de idade foram vítimas de assassinatos, mutilações, prisões arbitrárias, tortura e maus tratos, incluindo violências sexuais. O exército sírio transforma escolas em bases militares e centros de detenção.

"A maioria das crianças vítimas de torturas contam que foram espancadas, vendadas, obrigadas a permanecer em posições incômodas cansativas, chicoteadas com cabos elétricos, ameaçadas de queimaduras com cigarros e, em um caso, submetidas a choques elétricos nas partes genitais", detalha o documento.

Segundo a ONG americana Human Rights Watch, baseada em dados de um centro de documentação das violações de direitos cometidas na Síria, ao menos 1.176 crianças foram mortas desde o início da contestação em março de 2011. A organização também afirma ter recolhido testemunhos indicando que grupos de opositores armados, incluindo o Exército Sírio Livre, utlizam crianças como soldados.

Ofensiva

Depois do alarme lançado ontem por Kofi Annan, emissário especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, a ONU e os Estados Unidos também se declaram preocupados com a intensificação da violência no país e com o risco de um novo massacre de civis.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, exigiu nesta segunda-feira que a ONU tenha acesso à cidade síria de Haffa, onde o exército usa morteiros, tanques e helicópteros contra os rebeldes. A comunidade internacional temem que a cidade seja palco de um novo massacre.

Ban Ki-Moon denunciou o aumento da violência na Síria, uma consequência de ofensivas lançadas pelo exército contra áreas civis e de ataques coordenados conduzidos pelos rebeldes contra forças do governo.

Ele condenou em particular "o bombardeio de centros de população e os ataques contra infra-estruturas civis realizados por todas as partes".

Ban Ki-Moon também pediu que todos os países que tenham influência sobre qualquer uma das partes em conflito tentem persuadi-las a acabar com os confrontos.

A missão de observadores da ONU na Síria expressou sua preocupação com a intensificação da violência na cidade de Homs, no centro do país, e informou que está negociando a retirada dos civis.

Nesta segunda-feira, o departamento de Estado americano se declarou preocupado com a possibilidade de o governo sírio estar preparando um novo massacre em Haffa e fez questão de lembrar aos oficiais do exército sírio que a comunidade internacional tem instrumentos para descobrir e julgar os responsáveis por crimes contra a humanidade.

Na Síria, as tropas fieis ao presidente Bashar al-Assad continuam a ofensiva contra vários centros da contestação e ao menos dez pessoas já morreram vítimas dos bombardeios nesta terça-feira.

 

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