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China/Corrupção

Ex-chefe do Partido Comunista Chinês deve ser condenado por corrupção

Começa na próxima quinta-feira o processo por corrupção e abuso de poder de Bo Xilai, um antigo alto funcionário do Partido Comunista Chinês (PCC), destituído depois de protagonizar o maior escândalo político das últimas décadas no país. A informação foi dada pela agência oficial China Nova.

Foto de arquivo do ex-secretário do PCC Bo Xilai, que enfrenta julgamento na próxima quinta-feira
Foto de arquivo do ex-secretário do PCC Bo Xilai, que enfrenta julgamento na próxima quinta-feira REUTERS/Jason Lee/Files
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Filho de um antigo vice-Primeiro Ministro, Xilai foi secretário geral do PCC em Xunquim, grande cidade do sudoeste do país, e será a mais importante personalidade a comparecer diante da Justiça chinesa desde a queda da viúva de Mao Tsé-Tung, Chiang Ching, em 1976. A mulher de Bo Xilai, Gu Kailai, é acusada do assassinato do empresário britânico Neil Heywood, em 2011. O ex-secretário geral teria abusado de seu cargo para ajudar a mulher a escapar, enquanto o ex-chefe de polícia de Xunquim Wang Lijun teria ocultado provas do envenenamento do executivo.

Tanto Lijun quanto Kailai estão presos e Bo Xilai foi retirado de suas funções no PCC em fevereiro de 2012. Mas ainda pesa sobre ele uma segunda acusação, de corrupção. De acordo com a revista chinesa Caijing, quando era prefeito do porto de Jalian, antes de assumir Xunquim, teria desviado 5 milhões de yuans (R$ 1,9 milhões) para benefício próprio, além de ter recebido mais de 20 milhões de yuans em propinas. As duas acusações juntas são passíveis de pena de morte pela lei chinesa.

Antes de cair, Bo Xilai era considerado um dos mais proeminentes "príncipes vermelhos", a nova geração de descendentes da elite do PCC, graças ao discurso afiado que sempre evocava Mao Tsé-Tung e medidas populares, a favor da redução das desigualdades sociais e pelo combate ao crime organizado.

Isso faz com que exista entre os chineses suspeitas de que o ex-secretário seja um bode expiatório de conflitos internos do partido. Por isso, o processo, que começará às 8h30 de quinta-feira no horário local, deve acontecer a portas fechadas. Uma porta-voz do tribunal confirmou o horário do julgamento que acontecerá em Jinan, na costa oriental do país, mas não especificou a duração prevista da audição.

Uma condenação é quase certa, já que os juízes estão submetidos à autoridade do PCC, mas a pena de morte pode ser evitada. "Espero que ele não seja condenado à morte porque essa é uma pena que devemos aplicar cada vez menos", declarou Li Zhuang, advogado e opositor de Bo Xilai, quando ele dirigia o partido em Xunquim. "Mas certamente será uma pena dura".

Em sua edição de domingo, o Wall Street Journal informou que a mulher do ex-secretário seria a principal testemunha de acusação, mas uma fonte próxima do caso que pediu anonimato, disse que ela não se pronunciaria. Não se sabe se ela forneceu provas à acusação.

Tigres e moscas
O processo de Bo Xilai será um teste indireto para o PCC e, principalmente, para o novo presidente chinês, Xi Jinping, que assumiu o cargo fazendo do combate à corrupção uma prioridade. Assim que chegou ao poder, Jinping se comprometeu a caçar tanto os "tigres" quanto as "moscas".

A metáfora queria dizer que ele não pouparia esforços em levar à justiça membros corruptos do partido, independentemente de seu poder, cargo hierárquico ou influência. De acordo com ele, a corrupção ameaçava a própria sobrevivência do PCC. Mas, até agora, poucos foram os "tigres" que caíram por conta dessa campanha e mesmo o caso de Bo Xilai estourou antes da posse do atual presidente.

 

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