Acesso ao principal conteúdo
Egito/Violência

Confrontos deixam mais de 170 mortos neste sábado no Egito

A polícia evacuou neste sábado todos os manifestantes islamitas que ocupavam a mesquita al-Fath, no Cairo. Foi mais uma ação violenta, com troca de tiros. Nas últimas 24 horas, ao menos 173 pessoas foram mortas - várias delas diante do templo. Em quatro dias, confrontos entre partidários do presidente Mohamed Mursi, deposto pelo exército no dia 3 de julho e forças de ordem, deixaram mais de 750 mortos no Egito.

Membro das forças especiais egípcias tenta circular entre apoiadores do governo interino diante da mesquita al-Fath
Membro das forças especiais egípcias tenta circular entre apoiadores do governo interino diante da mesquita al-Fath REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Publicidade

O Estado de exceção e o toque de recolher continuam em vigor no país, que virou um verdadeiro campo de batalha depois da dispersão de duas praças que estavam ocupadas por manifestantes desde a deposição. A entrada dos soldados - autorizados pelo governo a usar força letal - nos acampamentos causou a morte de quase 600 pessoas na última quarta-feira. Foi o dia mais sangrento desde a queda do regime de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.

Apesar da conclamação da Irmandade Muçulmana, confraria à qual pertence o ex-presidente, por manifestações cotidianas para denunciar o "golde de estado" contra o presidente, não houve protestos durante o dia no sábado. No início da noite, pequenas aglomerações foram registradas. Em Alexandria, houve confrontos entre islamitas e outros civis, de acordo com a agência oficial de notícias Mena.

Diante da mesquita, a polícia teve de atirar para dispersar uma multidão que agredia violentamente alguns homens retirados de dentro do prédio. Ainda de acordo com a Mena, homens armados atiraram contra as forças de ordem a partir do minarete da mesquita. Policiais e militares responderam com mais balas, além de bombas de gás lacrimogênio. Ao fim da tarde, al-Fath estava evacuada.

Vários manifestantes, mulheres entre eles, estavam dentro do templo desde a noite desta sexta-feira, chamada de "dia de fúria" pelos pró-Mursi. Quando a polícia entrou, eles eram mais de mil, de acordo com a Irmandade Muçulmana.

Justiça de rua
Conforme as divisões se acirram no país, a lei do mais forte passa a imperar nas ruas. Surgiram os chamados "comitês populares", grupos de jovens armados que revistam pessoas na rua, controlam acessos aos bairros e levam "suspeitos" à força para a polícia e o exército.

Mais de mil islamitas foram presos nesta sexta-feira, anunciou o Ministério do Interior. Entre eles, está o irmão do chefe da Al-Qaed Ayman al-Zawahiri. O filho do líder supremo da Irmandade Muçulmana foi morto a tiros durante um dos confrontos.

Luta contra o terrorismo
No sábado, a televisão estatal mantinha uma faixa constantemente no ar, escrita em inglês: "O Egito combate o terrorismo''. Mas o método do governo estarrece a comunidade internacional. A Bolívia classificou a repressão de "genocídio", Cuba denunciou "a morte de civis inocentes".

Na sexta-feira, a chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton convidou os Estados membros do bloco a tomar "medidas apropriadas" em uma reunião marcada para segunda-feira em Bruxelas. As potências ocidentais continuam desaconselhando viagens ao Egito. Suécia, Noruega e Finlândia repatriaram seus cidadãos que estavam a turismo no país. A Turquia chamou de volta seu embaixador no Egito e o Cairo tomou a mesma medida, além de anular manobras navais que os dois países fariam conjuntamente.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.