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Egito/Crise política

Governo egípcio teria decidido dissolver Irmandade Muçulmana

Como a cada sexta-feira, milhares de manifestantes pediram no Egito o retorno de Mohamed Mursi, o presidente islamita deposto pelo exército. Um homem morreu durante confronto com a polícia no interior do país. Segundo um jornal egípcio, o governo interino estaria se preparando para dissolver a Irmandade Muçulmana.

Policiais egípcios patrulham local onde ocorreu o atentado contra o ministro do Interior nesta quinta-feira, 5 de setembro de 2013.
Policiais egípcios patrulham local onde ocorreu o atentado contra o ministro do Interior nesta quinta-feira, 5 de setembro de 2013. Reuters
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Desde o dia 14 de agosto, o exército e a polícia, que receberam a autorização de atirar em qualquer manifestante que se mostre hostil, dispersam de maneira violenta todas as manifestações dos partidários de Mursi, geralmente organizadas pela Fraternidade Muçulmana.

Cerca de mil pessoas foram mortas na primeira semana da repressão, em sua grande maioria manifestantes a favor da volta de Mursi. E mais de dois mil integrantes da Fraternidade Muçulmana foram presos, incluindo os principais líderes dessa confraria influente, à qual pertence o presidente deposto no dia 3 de julho.

Nesta sexta-feira, 6 de setembro de 2013, várias passeatas se formaram no Cairo na saída das mesquitas após a grande oração semanal, reunindo milhares de pessoas. Várias outras manifestações menores começaram durante a tarde nas diferentes províncias do país, segundo a mídia egípcia. Um homem morreu na província de Damiette durante um confronto entre policiais e partidários de Mursi.

Nas últimas duas semanas a Irmandade Muçulmana tem encontrado dificuldades para mobilizar seus partidários. Antes do início da repressão ela reunia centenas de milhares de manifestantes.

O governo interino instalado no poder pelo exército após a destituição do primeiro chefe de Estado egípcio eleito democraticamente acusa a Irmandade Muçulmana de atividades "terroristas" e a onda de prisões sem precedentes atingiu todos os escalões da confraria.

Dissolução

Um jornal egípcio informou nesta sexta-feira que o governo estaria se preparando para dissolver a Irmandade Muçulmana nos próximos dias. 

Mesmo que não signifique uma proibiçéao, essa dissolução reduziria a possibilidade para a confraria de contestar os recursos contra ela diante dos tribunais e ilustra a determinação das autoridades de acabar com o movimento islamita que venceu as cinco eleições organizadas desde a queda de Hosni Mubarak em 2011.

Essa dissolução se aplicaria à organização não governamental que foi oficialmente registrada pela confraria em março, depois que um processo judicial avaliou que o movimento não tinha nenhum estatuto legal.

A Irmandade Muçulmana foi fundada em 1928 e dissolvida em 1954, quando o exército assumiu o poder no Egito.

Atentado

Nesta quinta-feira, o ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, sobreviveu a um atentado com um carro-bomba no Cairo. Ele é considerado um dos principais responsáveis pelo combate do governo contra o "terrorismo" da Irmandade Muçulmana.

O ministro prometeu reprimir "com mão de ferro" qualquer ameaça visando "a segurança nacional". Ele também alertou contra a chegada de uma "onda de terrorismo", e prometeu que as autoridades não permitirão um retorno do "terrorismo dos anos 80 e 90".

A Irmandade Muçulmana condenou com firmeza o atentado, que ainda não foi publicamente reivindicado. O governo francês também condenou nesta sexta-feira o ataque, repetindo que "rejeita o terrorismo sob todas as suas formas".

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