Mais 19 corpos são retirados de balsa coreana naufragada
Mergulhadores retiraram neste domingo (20) 19 corpos da balsa sul-coreana que naufragou na quarta-feira com 476 pessoas a bordo. O balanço oficial da tragédia agora é de 58 mortos, com 244 desaparecidos, a maioria adolescentes, e 174 pessoas que foram resgatadas.
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Algumas famílias, como a do adolescente Kim Dong-Hyup, de 16 anos, ainda acreditam que possa haver sobreviventes da tragédia. Quando a balsa começava a afundar, o jovem telefonou para a irmã mais velha e prometeu que sairia com vida do local. "Sempre foi um garoto voluntarioso. Estou convencido de que se salvará de um jeito ou outro", disse o pai, Kim Chang-Gu, à agência AFP.
Os três primeiros corpos foram retirados logo após a meia-noite (hora local), marcando o início do difícil processo de resgatar os restos mortais das supostas centenas de pessoas que ficaram presas quando a balsa Sewol, de 6.825 toneladas, naufragou. Os três corpos estavam com coletes salva-vidas e dois eram de homens, segundo a Guarda Costeira.
Durante o dia, os mergulhadores, que lutam há três dias para vencer as fortes correntezas e o mar agitado, conseguiram enfim entrar na embarcação, totalmente submersa. Das 476 pessoas a bordo, mais de 350 eram estudantes da mesma escola de ensino médio na cidade de Ansan (ao sul de Seul).
Capitão acusado de negligência
O capitão Lee Joon-seok e dois membros da tripulação foram detidos neste sábado e terão que responder por acusações de negligência e falhas na segurança dos passageiros, uma violação do código marítimo. Eles foram levados para a delegacia de Jindo, a ilha vizinha ao local da tragédia.
Lee Joon-seok tentou explicar os motivos de sua decisão de adiar a saída dos passageiros depois que a embarcação ficou imobilizada. As 476 pessoas que estavam a bordo receberam ordem para que permanecessem em seus assentos por mais de 40 minutos, segundo sobreviventes. Quando a balsa começou a afundar, já era tarde demais, já que os passageiros não conseguiam avançar pelos corredores inclinados, ao mesmo tempo em que a água dominava a embarcação.
"Naquele momento, os barcos de emergência não haviam chegado. Também não havia pesqueiros ou quaisquer outros barcos que pudessem nos ajudar", declarou o capitão. "As correntes eram fortes e a água estava muito fria. Pensei que os passageiros seriam arrastados e teriam dificuldades se a retirada acontecesse em desordem, sem coletes salva-vidas", disse.
Capitão não estava no comando
A causa do acidente ainda não foi determinada. As informações da Marinha indicam que a balsa girou bruscamente antes de enviar um sinal de socorro. O choque pode ter desequilibrado a carga - 150 automóveis - e inclinado a embarcação.
Lee não estava à frente da balsa quando ela virou. A navegação estava nas mãos de um terceiro oficial de 26 anos, que estava no comando pela primeira vez naquele trecho, de acordo com membros da tripulação.
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