Israel aceita estender trégua indefinidamente
Sob anonimato, um alto funcionário da Defesa israelense afirmou nesta quarta-feira (6) que Tel Aviv aceita estender indefinida e incondicionamente a trégua que começou na terça-feira (5) e deveria terminar nesta sexta. Enquanto isso, negociadores palestinos e israelenses continuam no Cairo buscando traçar um acordo para um cessar-fogo durável, sob mediação de oficiais egípcios.
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O chefe da diplomacia egípcia, Sameh Chukri garantiu que seu país, que é hostil ao Hamas desde o golpe militar que tirou Mohamed Mursi da presidência há um ano, faz todo o poassível para encontrar "soluções para proteger o povo palestino e seus interesses". Ao que parece, os representantes dos dois lados do conflito não se encontraram cara a cara desde sua chegada ao Cairo, mas discutem os termos através da chancelaria do Egito. De acordo com um representante egípcio, ainda é cedo para falar em cessar-fogo durável.
"Justificada e proporcional"
Em coletiva de imprensa concedida nesta quarta-feira (8), o premiê israelense Benjamin Netanyahu afirmou que a operação Limite Protetor contra a Faixa de Gaza foi "justificada" e "proporcional" à ameaça representada pelo Hamas. O primeiro ministro voltou a colocar os quase 1900 mortos na conta do grupo islâmico. Ele ainda saudou o diálogo com a Autoridade Palestina para obter a trégua atual que, inicialmente duraria 72 horas, mas que Israel aceita estender até sexta-feira.
De acordo com ele, "90% das mortes neste conflito" poderiam ter sido evitadas se o Hamas tivesse aceitado antes a proposta egípcia de trégua. "A tragédia de Gaza é que ela é dirigida pelo Hamas", afirmou Netanyahu, antes de pedir que o grupo seja excluído da "grande família das nações".
O primeiro ministro israelense considera importante que a Autoridade Palestina tenha um papel na reconstrução da Faixa de Gaza, principalmente com relação à ajuda humanitária e a questões de segurança. De acordo com ele, a discussão e a cooperação entre a Autoridade Palestina Israel são fundamentais e foram o que possibilitou a atual trégua.
ONU pede cessar-fogo durável
Também na quarta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon pediu, diante da Assembleia Geral das Nações Unidas, o fim do "ciclo incessante de sofrimento em Gaza e na Cisjordânia, mas também em Israel". Ele disse ainda que a comunidade internacional vai reconstruir Gaza, mas que esta deve ser a "última vez" e pediu que a atual trégua de 72 horas conduza a um "cessar-fogo durável".
Na opinião de Ban Ki-moon, para que isso aconteça é preciso que o bloqueio israelense à Faixa de Gaza seja retirado e que a região seja comandada por um governo palestino comprometido com a Organização pela Libertação da Palestina.
O secretário-geral lembrou novamente os ataques contra três escolas da ONU que abrigavam refugiados palestinos e os classificou como "escandalosos, inaceitáveis e injustificáveis". Para ele, "o pesadelo dessas quatro semanas nos lembra que apenas uma solução política pode trazer a paz e a segurança a israelenses e palestinos".
Solução política distante
Apesar da possibilidade de extensão da trégua, essa solução política ainda parece distante. Israel continua exigindo o desarmamento do Hamas e de outros grupos palestinos - algo que eles se recusam veementemente a fazer. "Mataremos qualquer um que tentar tomar nossas armas", declarou no Twitter um dos líderes do movimento islamita, Ezzat al-Rishq.
Entre outras coisas, os palestinos exigem a suspensão do embargo que asfixia a economia da Faixa de Gaza desde 2006 e a construção de um aeroporto operacional na região, além da libertação dos militantes presos em Israel.
Na terça-feira, o exército israelense se retirou de Gaza deixando um rastro de destruição no caminho, além do saldo de 1875 mortos, entre eles 430 crianças e 243 mulheres. Do lado israelense, 64 soldados e três civis morreram.
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